sábado, 14 de outubro de 2023

VIDA E MORTE DE UM POETA






VIDA E MORTE DE UM POETA #2755


O Poeta ante este mundo

Por maior que seja a Obra

É por muitos olvidado

E nos ambientes sobra

Seu trabalho é deslembrado

E segue silenciado

Que incomoda sua fala

E até os seus camaradas

O aturam nas madrugadas

E ele vai só, mas não cala


Acostuma-se consigo

Sorve a solidão de pé

Que a poesia é seu abrigo

Sua crença e sua fé

Abre vinhos, se saúda

E escreve com voz aguda

Aponta a dor e a miséria

Ele é a lente da poesia

Que leva dor e elegia

Sobre a massa deletéria


Pinta com cores suaves

O amor e a esperança

Abraça quem vai caindo

Canta ao velho e a criança

Há quem finge não lhe vê

E o Vate consigo crê

No tom de luta da fala

E vai e segue na labuta

Que a verve tem força bruta

Não se entrega e nem se cala


Sua poesia é enredo

Que embeleza os cenários

Tinge com força a injustiça

E aponta os campanários

É um peregrino que faz

Desperto o mundo pra Paz

Leva em tudo os versos seus

Mas caminha solitário

Para além de solidário

Seu verso fala com Deus


Que o manda: Vai, encantado!

Canta teus versos sinceros

É no verso que converso

Canta Ágape, Philos e Eros

Abre o espírito fecundo

Dá voz ao Amor no mundo

Ignora a indiferença

E embriaga-te do teu canto

E canta teu canto santo

Que seja tua fé e crença!


Um dia de madrugada

Veste o manto da poesia

Abandona o corpo velho 

No raiar de um novo dia

Nesse dia tem lamentos

E o choro dos desatentos

Dirá da vida completa

E cantarão e chorarão

E ali valorizarão

Quem seguia aqui no chão

No desvalor de Poeta


E enquanto o Sol descortina

E esquenta com seu clarão

Nas asas da poesia

Vai ele na imensidão

Um coro no Céu ecoa

E Deus que tudo abençoa

Ouve a voz e os cantos seus

E abre os Portais ao Poeta

Um artesão do verso, asceta,

Um Cantador e um Profeta

Que do Além dá seu Adeus!

(Merlanio)



Nenhum comentário: