segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

VERSOS ESPARSOS 2

 


OS QUE ME ACHAM LOUCO #2807


E eu que me rio em cascata

Se louco me vaticinas

E normótico destinas 

O teu nanismo mental

E eu que sou filho dos deuses

Estou contigo um momento

Que meu lar é o firmamento

Meu reino é espiritual


Tua riqueza mais rica

Lá no meu mundo é funérea

Tudo que vem da matéria

É um não-ser no meu mundo

Se tens carros e eu uso as asas

Tens mansões e eu o universo

Levarás ao Multiverso

O espaço e tempo infecundos?


Se aqui não guardo dinheiro

Tenho a luz das dimensões

Tenho sonhos e visões

Que a normose não alcança

Venho de sóis de esplendores

Sou peregrino das flores

Sou gentileza e esperança


Teu corpo nessa matéria

É veículo passageiro 

Triste clown em picadeiro

E eu sou viajor nos meus

Tu que te achas tão nobre

Se lembrasse de onde vem

Também serias do bem

Como eu: FILHO DE DEUS!

(Merlanio)




DAQUI A CEM ANOS #2808


Daqui a exatos cem anos

Esse povo estará morto

Eu, você, nossos amigos

Já partimos deste porto

Objetos, carro, casa,

Conta... tudo criou asa

Nem se lembrarão de nós

Nada nosso haverá mais

Igualmente aos ancestrais

Será o após do após


Porque então te preocupas?

O apego, a ganância, a gana,

Para que tanto egoísmo

Se essa geração humana

Vai passar e segue a vida 

De uma forma incontida

Tudo tudo vai passar

É hora então de aprender 

Que a mágica do viver

É na viagem se amar


Amar-se e curtir a vida

Desapegar das bobagens

Ficar livre, leve e solto

Ter o mínimo nas bagagens

Mergulhar no imenso amor

E alegrar por onde for

E é no amor que tudo faz

Integrar-se à natureza

Artefazer a beleza

Mantendo a candeia acesa

Da Luz do Bem e da Paz

(Merlanio)


RETIRANTE


Vindo do Sertão profundo

O pau-de-arara gemia

Levava cem capiaus

Dentro da carroceria

Às tantas da madrugada

Entre dormindo e acordada

A mulher de supetão 

Diz: Ô Irineu Tu tá neu?

- Eu não, responde Irineu

Ô Irineu, então tão!

(Merlanio)



Lá no Sertão num velório

Alguns falavam baixinho

Vez por outra alguém dizia:

- Morreu como um passarinho!

Mas lá fora a um pé de cana

Chamado Chico Bacana

Perguntaram na carreira:

- De que foi que ela morreu?

Chico lá do canto seu

Depressa lhe respondeu:

- Pedrada de balieira!

(Merlanio)




POESIA #2810


QUANTAS vezes quantos dias

Quantos versos versejei

Quantos tempos quantas vidas

E quantos sonhos eu sonhei

Quantas rugas no meu rosto

Quantos espelho contei

Quantas noites quanta agrura

Quantas vezes eu contei

E de tanto fazer conta

Quantas vezes eu chorei

Quando o dono da ampulheta

Mandar parar pararei

Nem sei quanto é minha conta

Quando nem lembrar lembrei

Quando a velhice do mundo

Me vier velho serei

E aquele homem de ouro e prata

Nos portais perguntarei 

Haverá verso no anverso

No Multiverso? Não sei

Mas mesmo nos purgatórios

Quanto a purgar purgarei

Purgarei mas versejando

Que em cada verso estarei

Que o que sou é poesia

Poesia sou e serei

Mesmo sem Céus, Paraísos

Os meus versos cantarei

E onde o meu canto entoa

Meu reinado criarei

E nesse reino há alegria

Que em tudo inventário

Se há alegria há o amor

O amor que amarei

E o amor é o Paraíso

E é por lá que serei!

(Merlanio)




AMORES #2811


Não tenha pena de mim

Quando esgotar o Amar

Do Eros que há nos amantes

O Amor-filos vai ficar

E quando esse amor se for

O Amor-ágape num esplendor

Me fará bem mais amar!

(Merlanio)



A VERDADE É APÓS O MAS #2812


ATENTAI BEM, Meuzamô!

A verdade positiva

Segue o Mas, Porém, Contudo 

É após a Adversativa 

A conjunção poderosa

Que muda o rumo da prosa

E jamais vem no começo 

Tipo: "Eu Te Amo, mas..."

E o amor ficou pra trás

"Mas" é o avesso do avesso


"Você está tão bonita, 

Todavia, Mas, Porém,

Contudo". E a beleza foi

E a verdade agora vem

"Não sou racista, contudo..."

É racista cabeludo

Que sonha em tronco na mesa

Quer desvendar a maldade?

Detector da verdade

É a Gramática Portuguesa!

(Merlanio)


Se liga, Cabavéi, que a língua é minha Pátria!




Sem dúvida meu amigo

A língua lambe e mastiga,

Engole, enrole e fustiga,

Contorce em prazer real

Interruptor potente

Liga na porta da frente

De cima manda a corrente

Pro chacra umbilical


Mas também se comunica

Reverbera prende o ar

E a mensagem vai mandar

Na linguagem da nação

É a língua o maior órgão

Que faz querra e traz a paz

Pra mim é pátria e faz

Minha comunicação!

(Merlanio)



NO REINO #2810


QUANTAS vezes quantos dias

Quantos versos versejei

Quantos tempos quantas vidas

E quantos sonhos sonhei

Quantas rugas no meu rosto

Quantas no espelho contei

Quantas noites quanta agrura

Quantas vezes eu somei

E de tanto fazer conta

Quanta lágrima derramei

Quando o dono da ampulheta

Mandar parar pararei

Nem sei quanto devo à vida

Quando nem lembrar lembrei

Quando a velhice serena

Me vier velho serei

E Eu - homem de ouro e prata -

Nos portais perguntarei 

Haverá verso no anverso

Do Multiverso? Não sei!

Mas mesmo nos purgatórios

Quanto a purgar purgarei

Purgarei em Cantoria

Que em cada verso estarei

Que o que sou mesmo é poesia

Poesia sou e serei

Tirem-me Céus, Paraísos

E eu meus versos cantarei

E onde o meu canto entoa

Meu reinado criarei

E meu reino é de alegria

Que em tudo inventarei

Onde há alegria há amor

O amor que amarei

E o amor é o Paraíso

E é por lá que reinarei!

(Merlanio)



 O DEVIR DA VIDA #2813


Foi nosso Augusto dos Anjos

Que explicitou em poesia

Da perda da energia

Sem seu aproveitamento

O que seria e não é 

O que não foi mas iria

O que vinha e se perdia

Sem seu acontecimento


É o conceito a vir-a-ser

O devir que não se fez

E desconcertou de vez

As potestades dos Céus

A Paz que não pazeou

O Amor que não amou

E o poeta que calou

Deixando o arbítrio pra Deus!


A volta dos que não foram

Queda de quem não subiu

O grito que não se ouviu

A inspiração perdida

O tempo jogado fora

A florada que não flora

A evolução que ignora

A perda da própria vida

(Merlanio)



Minha Rosa fulorô 

Que toda Rosa é fulô 

Fulorada na Roseira

Como o poema é poesia

Como a manhã faz o dia

E o canto faz Cantoria

E encanta a aldeia inteira

(Merlanio)



 LINGUAGEM DO CORDEL #2815


VIVA o povo nordestino

De alma plena de alegria

Seja no seu matutês 

"Pruquê", "pru mode" ou "pru via"

Ou no fino português

Que a fala é canto e poesia


Um povo assim com seu canto

Desencanta a sua dor

Tanto quanto o próprio pranto

É encanto arrebatador

É meu povo livre é santo

Nordestinado no amor!


Então vem ser nordestino

De destino e coração

Aprenda a cantar o hino

Em Cordel, Xote, Baião

Dizarreda o desatino

Vem ser feliz nesse chão!


Vem se encantar nessa trança 

Vem mudar o teu papel

Vem dançar a nossa dança

Escutando o Menestrel

Vem falar a fala mansa

Na linguagem do Cordel!

(Merlanio)


FLOR DO AMOR #2816


A Flor do Amor quando brota

Não espera as estações

Ela brota no desejo

Desata nós, faz canções

E acolhe que o acolher

É a Flor do Amor a nascer

Com todo seu esplendor

E sempre é primavera

Flora onde não se espera

Prenúncio da Nova Era

Deus vive na Flor do Amor!

(Merlanio)


DIAS BONS PRA NÓS, MEUZAMÔ!


ENEASSÍLABO é o verso de novembro sílabas poéticas.



 FIMOSE #2809


Doutor Josias Batista

Que médico indo e vortando

Mandou eu ir me ajeitando

Pra operar de fimose

É que o couro da mimosa

Já estava me atrapalhando

E assim fui me organizando

Pra sofrer a rebordosa


Marcamos pro fim do mês

Essa minha cirurgia 

Cheguei após meio dia

Pra ficar livre daquilo

Ele explicou direitinho

E cortava sem parar

E ao terminar de operar

O couro deu meio quilo


Quando eu vi o couro todo

Inda hoje me arrupia

De onde é que saia

Toda essa pele de fato

Falei com Chico do couro

Que disse: Isso valeu ouro

E no final meu tesouro

Deu Chapéu, Mala e Sapato!

(Merlanio)



 PENSAMENTO DE LEANDRO


Se eu conversasse com Deus

Iria lhe perguntar:

Por que é que sofremos tanto

Quando viemos pra cá?

Que dívida é essa que a gente 

Tem que morrer pra pagar?


Perguntaria também

Como é que ele é feito

Que não dorme, que não come

E assim vive satisfeito.

Por que foi que ele não fez

A gente do mesmo jeito?


Por que existem uns felizes

E outros que sofrem tanto?

Nascemos do mesmo jeito,

Moramos no mesmo canto.

Quem foi temperar o choro

E acabou salgando o pranto?

(Leandro Gomes de Barros)


 O PROTETOR


Se você é cabra macho

E não cuida do traseiro

Por medo de viciar-se

Brincando no tabuleiro

Pois saiba que igualmente

Ao coração e a mente

Você tem próstata também

É uma vávula capital

No exercício sexual

Que adoece também


E é preciso examinar

Todo ano para ver

Se tem saúde esta próstata

Ou precisa interceder

Tratar e bucar a cura

Senão vai pra sepultura

Não seja um irresponsável

Veja o PSA

Depois o médico vai lá

No cá-pra-nóis honorável


O doutor vai e introduz

No reto do meu cumpádi

O dedo que não machuca

Não humilha e nem invade

Não desonra, nem viola

Apenas no toba atola

O dedo lubrificado

Toca a próstata, massageia,

Vê se tem câncer na aldeia

E lhe dá o resultado


Depois de verificado

Não sinta vergonha ou medo

Porque naquele exame

O intrumento é o dedo

Se há doença, o doutor

Vai curar a sua dor

E o cumpádi continua

Como um jumento sarado

Em nada desabonado

Gozando a vidinha sua


Agora quem é machão

Que não mexe nos guardado

Não permite um exame

Tem pantim pra todo lado

Vai sentir uns mal estar

Sem conseguir nem mijar

De ignorância do cão

Pra não mexer no cheiroso

Será o próximo canceroso

Num sofrimento horroroso

Morrerá como machão


Deixará sua família

A viuvinha mimosa

Serão órfãos filho e filha

Por seu machismo de prosa

E algum tempo mais além

A viúva terá um bem

Na praia de Tambaú

Mas ficará na memória

Sua atitude simplória

E contarão a sua história:

-Morreu protegendo o cu!

(Merlanio


MENINO VÉI 

Quem já foi menino véi

Reinando no matutês

Conheceu o som da rua

Que é o Cavaco Chinês

Foi desse triângulo só

Que hoje encanta o Forró

Que isso Gonzagão fez

Sanfonou e Zabumbou

Ouviu, gostou e inovou

E o mundo copiou

Tal qual Cavaco Chinês!

(Merlanio)

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 QUEM AMOU


Quem já passou nessa vida

E por amor não sofreu

Pode até ser dinheirudo

Mas o infeliz não viveu

Pois quem ama intensamente

Liga a alma acende a mente

Vive em todas dimensões

E às vive com qualidade

É dono dessa verdade:

Onde foi deixou saudade

Pois fez luz nos corações!

(Merlanio)

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QUANDO FINDA O CARNAVAL #2814


Quando finda o Carnaval

Faz bem criar mais juízo

Focar no que é preciso

Que o bom da vida é viver

Pertencer a sua aldeia

Acender sua candeia

Coletivizar a teia

Buscar mais Ser do que Ter


Lembrar que o outro é parceiro

Respeitar pra mais ganhar

Pra receber tem que dar

Ser amigo de verdade

Perdoar pra ter perdão

Saber que o tempo é agora

Urge viver sem demora

Que assim vive a humanidade!

(Merlanio)


 O PALCO #2816


Quando eu subo em qualquer palco

Sinto a energia divina

A voz atinge os agudos

Vem a boa adrenalina

Um prazer me faz mais forte

Sem temor sequer da morte

E tomam-me os guias meus

Meus versos chegam floridos

Aguçam-se meus sentidos

E bem alto aos meus ouvidos

Algo diz: TU ÉS DE DEUS!

(Merlanio)



JUVENTUDE E VELHICE #2815


Na juventude a ilusão

Vive a bater nossa porta

O vinho nos embriaga

Nossa força não entorta

Sobe correndo a ladeira

Que em tudo há brincadeira

Nesse mundão sedutor

Cada célula tem seu viço

Tudo é força e rebuliço

A paixão soterra o amor


Entre chegada e partida

Certo dia chega o inverno

O frio, as folhas caídas

E a velhice em velho terno

Nos toma naquele dia

A ilusão perde a valia

Há sintomas de exaustão

A visão mais embotada

E nessa intensa jornada

A alma quer e o corpo não 


Porém nos traz o bom senso

Mostra o valor onde está

Tem sabores e saberes

E o belo que em tudo há

Todo encanto da criança

A força, a fé, a esperança

E a vida nos tempos seus

Que o viver tem mais valor

Que manda amar o amor

Ser jovem é paixão e ardor

Mas ser velho é ser de Deus!

(Merlanio)



 CRIANÇA 


Toda criança do mundo

É patrimônio da vida

Deveria ser tombada,

Sagrada e bem protegida

Seja da nação que for

Plena de inocência e amor

Em todos os atos seus

Que os homens protejam mais

Pra que o mundo tenha Paz

Que a criança é a Paz de Deus!

(Merlanio)



MISTÉRIO DA VIDA #2820


Ontem foi a juventude

Que me tomou pela mão

Iludiu-me na ilusão

Do seu vinho sedutor

Embriaguei-me risonho

E sonhei o amargo sonho

Ébrio de utopia e ardor


Mas o tempo é implacável 

E a dona velhice trouxe

O poder logo acabou-se

Chegou a fragilidade,

A enfermidade e a carência 

As mãos perderam potência 

Na nova realidade


Mas por magia ou encanto

A Phoenix sabedoria

Das cinzas logo se erguia

Pra desvendar o mistério

Deus fez a vida mais bela

Deu sentido ao vivenciado

Que o Universo é escalado

Dos muros do Cemitério

(Merlanio - 24.02.24)


O PORTAL


 O Universo abre o Portal toda vez

Que há generosidade num regaço

Quando alguém se aproxima passo a passo

E oferece o socorro mais cortez

Quem socorre não diz o Bem que fez

Quem acolhe não faz publicidade

Quem recebe é quem sabe de verdade

Todo encanto de um gesto de valor

E Deus que tudo vê paga com amor

E abre a porta do Céu pra a caridade!

(Merlanio)


 A GENTE SÓ TEM A GENTE


É preciso juntar força

Que união é poder

Quer ver o bicho correr?

Faça amigos na partida

Que a verdade é recorrente

Na precisão de um repente

A gente só tem a gente

Pela gente nessa vida!


Já diz o velho deitado:

Melhor amigo na praça

Do que dinheiro na traça

Na chegada ou na partida

Pra quem é inteligente

A coisa surpreendente

É a gente só ter a gente

Pela gente nessa vida!


Por isso eu digo e repito

Seja coletividade

Que amigo de verdade

É coisa rara e doída

Quem é sábio é previdente

Tem amigo consciente 

Que a gente só tem a gente

Pela gente nessa vida!

(Merlanio)