terça-feira, 17 de agosto de 2010

NA TRISTE NOITE DA CORRUPÇÃO


Na triste noite da corrupção
Merlânio Maia


Eis a nação que sonha embevecida
Ser um exemplo aos povos do futuro
E agora acorda em seu triste monturo
Que foi forjado ao longo de sua vida
Desde o império se inclina em descida
Com sanguessugas que sugando vão
Multiplicando sujeira em seu chão
Frente ao pomposo poder do império
Incomodando heróis no cemitério
Na triste noite da corrupção!

Seus mortos, hoje, tão desesperados
Saem às ruas, levantam bandeiras,
Dançam nas praças, alamedas, feiras...
Profundamente decepcionados
De Tiradentes escuta-se os brados
De Castro Alves a indignação
Voltam os poetas da libertação
Junto aos heróis, do além, republicanos,
Dançam nas noites contra os tais tiranos
Na triste noite da corrupção!

Se o tempo urge, a tal nação se arrasta... 
vendo seu pobre povo humilhado,
Presenciando o roubo deste estado
Que, a cada dia, da riqueza afasta.
- Aos miseráveis, pão com circo basta!
E a liberdade escorre pela mão
E num crescendo se esparrama ao chão
No gesto tosco desse vai e vem
sonhadores gritam do além
Na triste noite da corrupção!

Os pigmeus da moral querem trono
Mesmo levando o país ao abismo
Ninguém honra, lisura, altruísmo!...
Brasil delira feito um cão sem dono
Em berço esplêndido o gigante é sono,
Enferrujado na acomodação
A idiotice contamina o chão
O povo dorme e o vazio é extenso,
Os mortos gritam vendo o mal imenso
Na triste noite da corrupção!

A hipocrisia é corrente moeda
E a mentira agora é um ideal
A mídia cria a tal versão final
E o fato perde a força e leva queda
Quem mente mais do poder não se arreda
A lama envolve e a TV faz serão
Faz a cabeçadona da razão!
E o povo teme e tremendo obedece.
Há uma teia que a aranha tece
Na triste noite da corrupção!

Brasil desperta, apresenta a imponência
Acorda e grita: Independência ou morte
Colosso impávido, de infinito porte,
Mostra a lisura da tua inocência
Chama os teus filhos plenos de decência
Expulsa o mentiroso e o ladrão
Levanta o braço de enorme nação
Que vibra dentro do teu forte povo
Faz teus heróis renascerem de novo
Na triste noite da corrupção!








segunda-feira, 2 de agosto de 2010

UM POEMA DE UM A DEZ

UM POEMA DE UM A DEZ
Merlânio Maia


Um Cristo veio ensinar
Dois foram seus mandamentos
Três sermões de encantamentos
Quatro cegos a enxergar
Cinco coxos a andar
Seis cidades, seis choupanas
Sete dias por semana
Oito possessos curados
Nove povos renovados
Dez leprosos dão hosanas!

Dez romanos desertores
Nove raios rasgam os céus
Oito mulheres de véus
Sete rabinos doutores
Seis duplas de seguidores
Cinco guardas bebem vinho
Quatro dezenas de espinhos
Três cravos dor e tormento
Dois ladrões e um lamento
Um Cristo a morrer sozinho

Um corpo jaz sepultado
Dois caminham pra Emaús
Três dias de treva e cruz
Quatro guardas bem armados
Cinco selos colocados
Seis olhos de espiões
Sete travas nos portões
Oito mulheres chorando
Nove horas esperando
Dez desistem das missões

Um relampo rasga a aurora
Dois olhos ao Mestre via
Três hosanas de Maria
Quatro guardas vão-se embora
Cinco duvidam na hora
Seis Fariseus a tremer
Sete ansiosos por ver
Oito doutores irados
Nove visões do Amado
Dez séculos pra entender