quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A VISITA

Meu povo,

Ontem, como tantas vezes me acontece, deixei meu corpo dormindo e saí para ver estrelas. Mas logo ali, sob os raios da lua, uma estranha figura feminina me aguardava.

Morena tão linda de riso perfeito, o corpo com jeito de viola nova, cinturinha fina, fitas no cabelo, era jovem ainda, tão divina e linda!

Seus olhos escuros de eternidade, falavam de riso e de amenidades. E me provocava esta morena linda, uma estranha ainda me enamorava.

Mas vi num relance cenas do seu passado. Andava ceifando vidas sobre a Terra. Talvez fosse a morte e me provocava e dizendo:
- Poeta, vim só de visita!
Este e meu trabalho ser anjo da morte, não tenho outra sorte que possa almejar, mas tenho alegrias por vezes infindas, nas idas e vindas do meu caminhar!
Estou de passagem, mas sobrou-me tempo e vim num momento ouvir um poeta. Já visitei tantos, já escutei poemas dos quais já fui temas de dor e prazer! Porém hoje esta Lua me fala de encantos e ouvi teus cantos, então vim te ver, mas a tua hora ainda é futuro e te asseguro, demorará ser!
Ainda darei-te a escolha da forma, não há uma norma para perseguir. Mas o teu desejo por tuas cantigas será o que digas, diz que irei cumprir!

E eu disse sorrindo: que assim ela seja! Nem rápida, abrupta, nem lenta agonia, que eu tenha um tempo para despedida, não seja violenta e nem dolorida, que seja a partida de quem vai partir. Te peço que dê-me o tempo correto, pois tenho projetos que quero deixar, não sou de corrida, nem enfastiado, preciso de um estado para deleitar!

A moça morena sorriu bem faceira, sua cabeleira esvoaçou feliz e disse: Está certo, meu doce poeta, cumprirás a meta do Eterno Juiz!
Sorriu e partiu toda esvoaçante, mas tinha o semblante de um Anjo da Paz e eu fiquei mudo olhando o universo e meio disperso versejei mais!

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