domingo, 23 de setembro de 2012

A DEFESA DA MULHER

A DEFESA DA MULHER
Merlânio Maia

Contam lá no meu sertão
Que uma jovem camponesa
 Lutava no seu torrão
Pra levar comida a mesa
Com o seu machado se empenha
Fazer da árvore lenha
Com sua força juvenil
Quando num golpe mais forte
O seu machado erra o corte
E cai num profundo rio

Ela fica um tanto aflita
Pois só tinha esse machado
Se ajoelha e diz contrita
- Ó Deus meu, Pai adorado,
Me socorre, meu Senhor
Ajuda-me, por favor!
E no fim dessa oração
E dos clamores tão seus
A ela aparece Deus
E ela treme de emoção

 E Deus mergulha no rio
Perigoso e agitado
Volta igual como saiu
E nas mãos traz um machado
Mas um machado de ouro
Reluzente qual tesouro
Que ele ostenta em sua mão
E pergunta do seu lado:
É este aqui o teu machado?
E ela lhe responde: É Não!

Deus mergulha novamente
Lhe traz um outro machado
De diamantes reluzentes
De esmeraldas, cravejado
E pergunta: É este, amada?
E ela lhe responde: É nada!
Então Deus pula no rio
E sai com um machado bronco
Do cabo feito de tronco
E lhe pergunta gentil:
- É este aqui o teu machado?
E ela diz: É meu Senhor,
Sou feliz por tê-lo achado!
E Deus cheio de esplendor
Lhe fala: - Tua atitude
Mostra que ainda há virtude
E foi bom ter te ajudado
És honesta e és decente
Por isso como presente
Ganharás os três machados!

 E ela fica felicíssima
Agradece o seu presente
E a vida como a raiz
Se aprofunda e segue em frente
Certo dia o seu marido
Margeava o rio comprido
E o cavalo de repente
Se espanta e o joga no rio
E ela que a tudo assistiu
Se ajoelha penitente

E roga ali sim demora:
- Ó Deus, Tu és poderoso
Me socorre nesta hora
Salva o meu querido esposo
Deus veio logo que ouviu
E assim mergulhou no rio
Mas lhe trouxe um outro varão
Mais bonito e mais bem feito,
Que o seu marido. Perfeito!
O cabra era a tentação!

Deus lhe volta com a questão:
- É este aqui o teu marido?
E ela diz com emoção
Sim Senhor, é o meu querido!
E Deus grita enfurecido:
- Como ousas ter me mentido
Eu que fiz a terra e o mar?
Infiel e sem vergonha!
E ela diz sem cerimônia:
- Senhor, eu posso explicar!

 - Explica, infiel e inglória!
E ela diz: Ó meu Senhor,
Eu já conheço essa história
Das provas do vosso amor
Se eu renegasse este belo
Trarias lindo modelo
Pois sei que outro viria
E se eu negasse um por vez
Meu prêmio seria os três
E é pecado a TRIGAMIA!

E Deus Todo-complacente
Diz: - Tem lógica e tens razão
 És astuta e boa crente
E tens belo o coração
E assim Deus foi convencido
 Ela teve o seu marido
E a sua vida bendita
Moral da história é um conceito:
“A mulher mente de um jeito
Que até Deus acredita!”

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