quarta-feira, 19 de junho de 2024

SUPERSTIÇÃO - DO POETA POMPÍLIO DINIZ

 


SUPERSTIÇÃO

Pompílio Diniz

 

Hoje é treze, sexta-fêra

Me alevantei nas carrêra

Sem fazê o Pelo-siná

Uma coruja agorô

E um Bode preto berrô

Na porteira do currá

É hoje o dia do azá !!!

 

Passei pru baxo da escada

E levei lógo uma cusparada

De um arubú que tava lá

Acauã cantô no máto

Pisei no rabo de um gato

E uví um cachorro uivá.

 

Pra omentá meu desespêro

A galinha no terrêro

Cantô treis veis sem pará

E na cumeeira da casa

Um arubú abriu as asa

E dispois num quis voá...

 

Eu começei a ter mêdo

Quando ví de manhã cêdo

O seu vigário passá

Vê pade numa hora dessa

A sorte vira azavéssa

E na mais certo dá

 

Nessa hora a mulhé me inguiça

E por maldade ou preguiça

Não quis me desenguiçá...

Tava um chinelo emboicado

O espeio mãeceu quebrado

E caco de espeio faiz má....

 

Um gato preto me alisa

E eu fui drumi sem camisa

E tudo isso faiz má;

E a muié dos zóio-torto

Sacudiu um sapo morto

Pra dentro do meu quintá...

 

Caiu sá dentro do fogo

E um galo preto, com gôgo

Depois quis me beliscá

E a coisa tá piorando,

A sogra amanheçeu cantando

E agouro pior não há !!!

 

Por isso mais uma vez

Eu previno a vosmiçês

Num é bom facilitá...

Cuidado com brancadeira

Que hoje é treze, sexta-feira

É hoje o dia do azaaaaaá!

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