SUPERSTIÇÃO
Pompílio Diniz
Hoje é treze, sexta-fêra
Me alevantei nas carrêra
Sem fazê o Pelo-siná
Uma coruja agorô
E um Bode preto berrô
Na porteira do currá
É hoje o dia do azá !!!
Passei pru baxo da escada
E levei lógo uma cusparada
De um arubú que tava lá
Acauã cantô no máto
Pisei no rabo de um gato
E uví um cachorro uivá.
Pra omentá meu desespêro
A galinha no terrêro
Cantô treis veis sem pará
E na cumeeira da casa
Um arubú abriu as asa
E dispois num quis voá...
Eu começei a ter mêdo
Quando ví de manhã cêdo
O seu vigário passá
Vê pade numa hora dessa
A sorte vira azavéssa
E na mais certo dá
Nessa hora a mulhé me inguiça
E por maldade ou preguiça
Não quis me desenguiçá...
Tava um chinelo emboicado
O espeio mãeceu quebrado
E caco de espeio faiz má....
Um gato preto me alisa
E eu fui drumi sem camisa
E tudo isso faiz má;
E a muié dos zóio-torto
Sacudiu um sapo morto
Pra dentro do meu quintá...
Caiu sá dentro do fogo
E um galo preto, com gôgo
Depois quis me beliscá
E a coisa tá piorando,
A sogra amanheçeu cantando
E agouro pior não há !!!
Por isso mais uma vez
Eu previno a vosmiçês
Num é bom facilitá...
Cuidado com brancadeira
Que hoje é treze, sexta-feira
É hoje o dia do azaaaaaá!
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