sábado, 2 de dezembro de 2023

COMO DAR, SE NÃO SE TEM? #2775

 COMO DAR, SE NÃO SE TEM? #2775


Que pode um pobre poeta

Se nem os versos lhe chegam

Se as palavras se esquivam

E as inspirações lhe negam?

Qual Ícaro em queda plena

Sem asas, resina ou pena

Esperando o baque, o fim

Ou Sísifo de sina estranha

Sem a pedra na montanha

Ai sina!... Pobre de mim!


Hoje fugiram meus versos

E eu que respiro poesia

O hausto me falta; Ah Bandeira...

Que angústia me angustia

Estou na beira da estrada

E a inspiração alada

Na borboleta voou

Talvez qual o Anum preto

Lá da faixada do gueto,

Que bateu asas, voou!


Não cobre mais um poema

Igual as filhas de Ló

Que exigiram do velho

Seus filhos num incesto só

Que hoje a minha inspiração 

Traiu-me como a Sansão

Fez Dalila em tempo além

Que a pena não vai bramir

Sem o fogo a consumir

E eu, sem as musas ouvir

COMO DAR, SE NÃO SE TEM?

(Merlanio)


Bons dias, Meuzamô!

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