COMO DAR, SE NÃO SE TEM? #2775
Que pode um pobre poeta
Se nem os versos lhe chegam
Se as palavras se esquivam
E as inspirações lhe negam?
Qual Ícaro em queda plena
Sem asas, resina ou pena
Esperando o baque, o fim
Ou Sísifo de sina estranha
Sem a pedra na montanha
Ai sina!... Pobre de mim!
Hoje fugiram meus versos
E eu que respiro poesia
O hausto me falta; Ah Bandeira...
Que angústia me angustia
Estou na beira da estrada
E a inspiração alada
Na borboleta voou
Talvez qual o Anum preto
Lá da faixada do gueto,
Que bateu asas, voou!
Não cobre mais um poema
Igual as filhas de Ló
Que exigiram do velho
Seus filhos num incesto só
Que hoje a minha inspiração
Traiu-me como a Sansão
Fez Dalila em tempo além
Que a pena não vai bramir
Sem o fogo a consumir
E eu, sem as musas ouvir
COMO DAR, SE NÃO SE TEM?
(Merlanio)
Bons dias, Meuzamô!
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