segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

SINA DE POETA

 


A SINA DE POETA


Ter a Sina de Poeta não é para todo mundo. Só para quem suporta.


Quantas lutas enfrentadas para editar e lançar, ao longo de uma vida, esses dezessete livros!?


Às vezes, olhando minha estante autoral, espiando cada um dos dezessete filhotes, ainda penso que é surreal fazer um trabalho desse, sendo eu tão pequeno. Como se não fosse eu mesmo que fizesse, mas alguém acima de mim que escrevia, que abria as portas fechadas, lacradas... e as abria definitivamente.


Quantos nãos dolorosos recebi! Quanta zombaria e risos tortos, disfarçados de mel, produzindo fel!...


Quantas vezes soube que pessoas que eu prezava colocavam pedras na estrada por onde eu caminharia em busca de editar e lançar meus livros?!


Como foi dura a caminhada! E o quanto eu cresci nesta jornada!


Deus é minha testemunha, porque os benfeitores dos dois planos nunca me faltaram. Sempre, quando eu estava derramando lágrimas, havia um deles enxugando; sempre que fechavam uma porta, outro benfeitor derrubava uma parede e, como diz minha velha mãe, o amanhã sempre foi e será melhor.


Nunca encontrei uma editora que editasse meus livros. Toda minha obra é independente.


E eu até gosto desse nome INDEPENDENTE! Porque a independência era e ainda é sinônimo de LIBERDADE!


Bati em muita porta que não bato mais, pois vi pessoas que, por inveja ou não, fecharam portas para mim. 


Coitados! Vão se ver com a lei que não esquece jamais.


Esta obra, este trabalho não era e nem é meu, mas era e é para mim. 


Cada poema de paz me trazia e me traz a sua paz. Cada verso de consolação mais me consola. Cada canto de alegria mais me alegra.


Hoje ainda escrevo. Aliás, hoje é que eu escrevo, com compulsão, todos os dias. E ainda ando atrás de editoras, não corro mais. Que ainda quero e vou lançar mais livros que já se somam nos meus arquivos, mas de espírito bem mais sereno. Sem tristeza nem euforia, apenas com a alegria de ter esses poetas e amigos ao meu lado que vão abrindo sendas e despertando almas. E alimentando a fé profunda de que sou um poetinha de Deus. Pequenino entre os grandes, mas sou de Deus!


E quando chegar o dia de me chamar saudade, vou deixar um mundo de poemas para acalentar quem precisa. E vai ser como se eu ainda estivesse declamando cada verso para eles.


Sucesso para um poeta da minha idade e maturidade é fazer o que ama e levar amor por onde passar, deixando as portas escancaradas para quando um dia retornar, e corações saudosos para abraçar num "gran finale" de reencontro!


Saber disso me faz tão feliz, mas tão feliz, que nem toda riqueza de todos os homens mais ricos do mundo juntos sequer chegaria perto.


Sina de poeta!


MerlanioPoeta

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