domingo, 9 de agosto de 2020

SE VOLTARES

 SE VOLTARES

Rogaciano Leite


Como sândalo humilde que perfuma

O ferro do machado que lhe corta,

Eu hei de ter minha alma sempre morta

Mas não me vingarei de coisa alguma.


Se voltares um dia à minha porta,

Tangida pela fome e pela bruma,

Em vez da ingratidão, que desconforta,

Terás um leito sobre um chão de pluma.


E em troca dos desgostos que me deste,

Mais carinho terás do que tiveste,

E os meus beijos serão multiplicados.


Para os que voltam pelo amor vencidos,

A vingança maior dos ofendidos

É saber abraçar os humilhados

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