quinta-feira, 30 de abril de 2020

SIVIRINO TAPIOCA

de Aderaldo Luciano

Sivirino Tapioca
Foi delegado em Remígio.
Homem bem conceituado,
Gozava de algum prestígio.
Mas odiava seu nome,
Que não era um apelido.
Era Tapioca mesmo
Seu sobrenome aferido.
Tapioca botou ordem
Na pequenina cidade.
Prendia gente e soltava,
Foi virando autoridade.
Pelas costas, o chamavam
"Delegado Tapioca".
Quando ele aparecia,
Todo mundo na entoca
Se olhava um para o outro
E a conversa interrompia.
Depois que ele se afastava
A gargalhada comia.
Tapioca cultivava
Um precioso bigode,
Um cavanhaque pontudo
Como uma barba de bode.
Foi no seu aniversário.
Tapioca recebeu
Um pacote de presente
Que muito lhe comoveu.
Mas quando abriu o pacote
Quase sofreu um ataque
Pois era uma tapioca
De bigode e cavanhaque.
Tapioca avermelhou-se.
Na cena mais transtornada
Deu um soco no birô,
Rasgou toda papelada.
A máquina de escrever
Foi feita toda em pedaço,
Sem controle destruiu
O seu armário de aço.
Pra culminar o momento,
Coisa que o diabo provoca,
Disparou sete balaços
Na cara da tapioca.
Remígio foi abalada
Com esse caso fremente.
Até hoje ninguém sabe
Quem foi que deu o presente.
Sivirino Tapioca
Logo foi exonerado
Saiu, deixando sua fama
De homem destemperado.
Quem tem nome ou apelido
Do qual não gosta ou rechaça
É melhor se acostumar
Para evitar a desgraça.
****
Histórias curtas para a quarentena
De Aderaldo Luciano

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