sábado, 16 de março de 2019

AMOR E ÓDIO

AMOR E ÓDIO
Merlanio Maia

O Brasil que odiava
Não falava tinha medo
Tremia em ter seu enredo
Descoberto e disfarçava
Sua baba ele tomava
E do mundo escondia
Enquanto o amor luzia
Enquanto o amor se fez
O ódio não teve vez
E assim o país crescia

Mas um dia e há um dia
Em que o mal gritou do norte
Ai que ódio! Morte! Morte!
E soltou a fera fria
E o mundo naquele dia
Envolveu-se em treva e breu
E o ódio apareceu
No vizinho, no colega,
Na praça, rua e bodega
E a todos surpreendeu

Aquele grito do norte
Abriu os porões do mal
E todos viram afinal
Quem eram os faustos da morte
Desmascarou o consorte
E os tentáculos espalhou
Aos mais fracos doutrinou
Aos covardes, voz e vez
E o mundo na insensatez
Do mal se contaminou

E perseguiu minorias
Pois que o ódio é dos covardes
E a sanha de fogo arde
Mata Marieles, Lias,
Mata Amélias, Marias,
Mata negros, matas as gentes
Gay e Trans por diferentes
Em ações vis, cruéis, drásticas
E estendem suas suásticas
E as Klux das torpes mentes

Mas já vem a alvorada
E a luz rompe a treva e o breu
O amor no tempo seu
Com seus anjos sem adaga
Com a luz que nunca se apaga
Há de queimar os miasmas
Há de expulsar os fantasmas
Com coragem e com ardor
Com valentia e ardor
Despertando os corações
Banindo para os porões
O ódio e seus vibriões
Com a força viva do AMOR!

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