sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

POEMA HOMENAGEM A BEBÉ DE NATÉRCIO



Bebé nasceu lá em casa
No Sertão de Itaporanga
Foi crescendo amufinado
Parecia uma munganga
Um menino astucioso,
Buliçoso e trabalhoso
Qual muleque do sertão
Roubou manga, jogou bila,
No pião fazia fila
E era sempre campeão

Amansou jumenta braba,
Pescou de rede e anzol,
Espiava as moças nuas,
Namorou de sol a sol
Pense um menino malino
Futucou tanto o destino
Que a sorte lhe abençoou
Suas avós benzedeiras
Resavam noites inteiras
E assim Bebé melhorou

Tocou na banda do padre
Com oito anos de idade
E com seus dezesseis anos
Foi maestro de verdade
O sargento Severino
Confiava no menino
Pois que era muleque atento
Tocou tuba e clarinete,
Sax, trombone e porrete
E tudo que é instrumento

Fez da música seu mister
Viajou pelo Sertão
Tocou em bailes e festas
No carnaval fez baião
E depois caiu no mundo
E o seu som se fez fecundo
Que no planeta ainda ecoa
Foi Mestre e foi aprendiz
Mas criando foi feliz
Depois veio a João Pessoa

Formou-se no magistério
De música e outras mais
No teatro, dramaturgo,
Foi arranjador voraz
Compositor sem medidas
E entre vindas e idas
Foi também reprodutor
Cinco filhos, dois casórios,
Igreja, padre e cartórios
Depois foi ser cantador

E se fez do riso ao pranto
Seu canto encantou o mundo
Seu som divino era tanto
Seu dom, seu tino fecundo
Fez-se artesão das canções
E tocou tantos corações
Com a infinita melodia
Poeta de mão beijada
Nas Cajazeiras amada
Foi peleja e Cantoria

Foi aluno e professor
Fez espaços culturais
De casa ao Bar do Baiano
Seu rastro iluminou mais
E aquele cabra do mato
Mostrou a fibra e o trato
E amigos colecionou
A doença foi chegando
Depois que lhe ouviu cantando
Pediu perdão e voltou

E eis Bebé de Natércio
Um poeta brasileiro
Cheio de sons e de versos
E de amigos verdadeiros
No mundo escreveu seu nome
Sua música não se some
Nem que dê seca e invernagem
Que sua música é viva
Sua poesia é cativa
E o seu nome é coragem

E hoje vem Meire Lima,
Natália Bellar, Rinaldo,
Funchal e Helayne Cristini,
E nós engrossando o caldo
Pra fazer esta homenagem
Como se faz vadiagem
De amor, de Paz e de Fé,
A uma estética poderosa
Da alma linda e dadivosa
Que nós chamamos Bebé!




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