Por Merlânio Maia em 24.12.2014
É hoje o Natal! E lá vem Jesus como proposta de reflexão profunda, contudo a verdade é que esta reflexão é exclusiva de uma bem pequenina parte da humanidade.
A Saga do Jesus-menino ou Deus-menino com se convencionou, pode ser uma joia de altíssimo significado para os que assim a recebem.
Todavia, não é este Jesus que interessa à imensa parcela da humanidade. O Jesus que interessa é o Jesus multiuso para causas materiais impossíveis!
Jesus apresenta-se de mil formas e todos os dias. Jesus redentor, príncipe da paz, o salvador, o mestre professor e tantos outros com adjetivação de conformidade com a situação de cada indivíduo.
Para o vulgo, o Jesus curandeiro é o mais explorado, o Jesus milagreiro!
E não seria diferente, visto que a humanidade viciou-se num imediatismo doentio, fruto do consumismo capitalista fast food de soluções rápidas e descartáveis.
Os templos modernos evocam o Jesus milagreiro e o colocam na prateleira como produto de consumo para uma massa desconectada da realidade espiritual.
E os "milagres" se sucedem produzidos conforme a necessidade do cliente, ou do vendedor de jesuses.
Sangue de Cristo tem poder! Repetem como mantra em todos os segundos. O homem embriagado declama na direção do carro, o sonegador de impostos evoca no caminhão repleto de mercadorias, fruto do crime de sonegação, o ladrão recita na emboscada, o cônjuge a diz antes da traição, o aluno irresponsável firma o pensamento antes da prova.
Independentemente da intenção do ato, seja ético ou não, este mantra é repetido, para que Jesus proteja e ajude o sicário e o criminoso em seu ato de lesar o semelhante.
Nas casas, é bem este Jesus que interessa, pois diante das causas impossíveis, fruto dos egoísmos e orgulhos e vaidades, este Jesus-para-todas-as-coisas é um produto multiuso de ação rápida, fácil e eficaz, feito especificamente para satisfazer e, logo depois, descartar.
Qual a lógica disto?
Simples! Diante da dificuldade de se viver uma vida ética, simples e verdadeira, que salvaria o mundo do mal e da destruição, o Ego fala mais alto e Jesus se torna um empecilho para o consumismo doentio e o lucro fácil. Então se convencionou que Jesus seria um boneco de pano, como Papai Noel, para dominação dos povos. E as religiões cristãs são os "Cavalos de Tróia" detentoras da santidade por fora e da morte por dentro.
Mas toda sociedade aceitou esta conveniência do mal!
Há um complô coletivo de esquecimento proposital da mensagem que Jesus trouxe ao mundo e pela qual, o Mestre, deu sua própria vida como endosso da importância destes ensinamentos.
E várias vezes reforçava: "Se me amais, fazei o que vos digo!" "Sereis meus amigos se fizeres o que vos falo!" "Passarão céus e Terra, mas minhas palavras não passarão!"
Agora, a reflexão se faz posta à mesa! Na ausência do afeto os males se sucedem!
A violência toma conta das ruas; as doenças psicológicas são peste em todos os lares; o mundo à beira de um colapso; as pessoas sem rumo são ricas em haveres e miseráveis espirituais e morais; chegamos na bifurcação do caminho: ou Jesus da ilusão material dantesco em suas consequências, ou Jesus da ética do amor e do perdão!
O Jesus da ilusão, se depara agora, com o Jesus da consciência desperta. E qual é o que está nascendo para você neste seu Natal?
(O autor é produtor cultural, poeta popular paraibano, cantador e pensador das lógicas nordestinenses) Contato: merlanio@gmail.com
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