segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

OS DOIS JESUS

OS DOIS JESUS
Merlânio Maia

Será que Jesus nasceu
Na manjedoura do peito
Que chamamos coração?
Ou é apenas sujeito
Da fanática adoração
Que justifica a ação
Da distância do Amor
Ritual de torpe altar
Só para justificar
Um sofisma salvador?

Jesus é apenas o ídolo
Inerte e silenciado?
Ou sua mensagem é o norte
Mais seguro a ser buscado?!
É o tal Cristo distante
Que limpa o pecado diante
De expressões faciais
Teatralmente cumprida?
Ou sua mensagem é vida
Que provoca ações de Paz?

Dois mil anos se passaram
E pelos povos cristãos
Jesus é sempre abusado
Em atos vis dos irmãos
Uns vendem sua memória
Outros abusam da glória
De prendê-lo ao financeiro
Evocam seu nome santo
E há leilões em todo canto
Não só por trinta dinheiros!!!

Seu nome vale pra os ricos
Ficarem milionários
Tudo que ele condenou
Distorcem os tais sicários
Aos pobres e às viúvas
Jogam as cascas das uvas
Extorquem o óbolo e o riso
Sua palavra é insana
Vestem-na em ouro e grana
E matam se for preciso

Enquanto Jesus tão simples
Que exala Perdão e Amor,
Da manjedoura e da gruta
Mestre, símbolo redentor
De humildade e inclusão
Há um outro Jesu$ cifrão
Que vende a alma ao consumo
Que fanático faz a guerra
Que grita, esbraveja e berra
Para que a Paz vire fumo!

É o Jesus do capital
Qual Midas da maldição
Toca e tudo vira morte
Basta que ele ponha a mão
E é bem este o cultuado
Pela mídia é entronado
Gerando dor e violência
Cria as pestes mais modernas
Que faz dos lares cavernas
De vício, morte e demência!

Quando é que a humanidade
Se livrará desse mal
E beberá nas verdades
Do Amor Universal?
Quando nascerá o conceito
Da manjedoura no peito
Do Jesus de amor fraterno,
Da inclusão, da alteridade,
Do Evangelho da verdade,
Jesus simples, Mestre Eterno?!



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