segunda-feira, 17 de novembro de 2014

UMA QUESTÃO DE VALORES

UMA QUESTÃO DE VALORES
Merlânio Maia

Daquele Sertão de outrora
Pro de hoje há uma distância...
Hoje se vive na ânsia
De consumir pra viver
O consumismo é danoso
Se consume o tempo inteiro
Elegeu-se o Deus dinheiro
Pra adorar até morrer

Começa na própria infância
A criança pequenina
Nasce com a mesquinha sina
A mãe não vai lhe criar
Quem cria? A televisão!
Que adestra a promissora
Pequena consumidora
Pra consumir sem parar

Aqui é a frauda tal
Que prende o mijo daqui
Destrói o mundo! E daí?
Pra comer? Tem a papinha
Criada em laboratório
Sopa com gosto anormal
Doce nada natural
Que a vida, vale nadinha!

E tome mais propaganda
Na cabeça da criança
É a boneca de trança
O robô da sensação
A música erotizada
A dancinha da bundinha
E a criança coitadinha
Com alergia e depressão!

No meu sertão o menino
Tinha a mãe como conceito
Pequenino era no peito
Leite forte com carinho
Depois tinha rapadura
Angu para seu deleite
Queijo no cuscuz com leite
Buchada, feijão, farinha!

Mesmo pegando bexiga
Dordói, sarampo e cobreiro,
Bucho inchado e até faxeiro,
E ferida infectada
O remédio do menino
Era leite de jumenta,
Cabacinha pelas venta
E ele ligeiro curava

Fica jovem tem Shopping
O Paraíso encantado
E o consumo exagerado
Faz dele um consumidor
Roupa de grife bem cara,
O tênis, boné de marca,
E a juventude embarca
Num rumo destruidor

Seus valores são os tablets
Ipad, Iphone e Ipod
Quem não pode se sacode
Ou é um nada sem valor
O capitalismo inventa
Os seus valores modernos
Mas são estes os infernos
De suicídio e desamor

A juventude tem tribos
Very wel e birinigth
Se encontra sempre no site
Tem a droga como seita
Mata e morre pelo crack
Faz o bullying na escola,
Leva droga na sacola
Sem isso não é aceita

Lá no Sertão do meu tempo
A juventude era forte
Trabalhar era um esporte
Estudava ali sem choro
Se divertia em xamego,
Jogava bola, pescava,
Banho de açude tomava
E depois tinha o namoro

Família de hoje em dia
Sucumbiu sem seus valores
E o mundo se enche de dores
De violência e de dor
Não há mais tranquilidade
Nem nas ruas, nem no lar
Que o mal irá penetrar
Seu tentáculo destruidor

A nossa sociedade
Adoeceu no consumismo
O cruel capitalismo
Tira o valor e a razão
A Ética e a moral se acabam
Na falta de humanidade
Pois o valor de verdade
Reside no coração

A cura do mal do século
Está no afeto primeiro
No cuidado verdadeiro
No carinho redentor
No lar quente e primoroso
Na alegria coletiva
Na Arte que mantém viva
A chama pura do amor!

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