Meu povo querido,
Segue a entrevista que dei para a Diretoria da ABRARTE-Associação Brasileira de Artistas Espíritas, para o seu Jornal NOTÍCIAS DA ABRARTE.
Aqui está um pouco da minha história na veredas da Arte Espírita.
Merlânio Maia é paraibano da cidade de Itaporanga. Poeta, conferencista espírita, declamador, cantador e músico, já publicou seis livros e gravou oito CDs. Espírita desde a juventude, tem feito um trabalho de difusão do Espiritismo através da sua arte por todo o Brasil, levando a alegria e a verve de uma poética intensa que faz rir e chorar com os contos e cantos recolhidos nas veredas da vida. É associado da Abrarte desde novembro de 2007.
1. Como você começou seu trabalho com arte espírita?
Comecei na Federação Espírita Paraibana. Eu já escrevia poesia e encontrei um parceiro de primeira hora, o Marco Lima, que hoje é o presidente da Federação. Depois passei para a MEBEM (Mocidade Espírita Deus, Amor e Caridade) em João Pessoa, que era uma mocidade muito atuante em se tratando de arte espírita. Ali comecei escrever textos de teatro e atuar em peças espíritas.
2. Foi a arte espírita que o despertou para a Arte ou você já tinha uma vivência artística?
Quando me tornei espírita, eu já escrevia poesia popular, já fazia shows com meus irmãos que são todos artistas, e nesta época eu participava há 10 anos de um grupo de teatro amador, já tínhamos atuado em várias peças, como autor, ator e até diretor, pois já escrevia textos para teatro, etc. Naquele final dos anos 70 e início dos anos 80 havia uma efervescência artística na Universidade e eu estava no olho do furacão.
3. Como você define a arte espírita?
Arte é arte e ponto. O que fazemos é uma arte engajada, pois que parte de uma concepção de mundo estabelecida por um corpo de doutrina, logo, somos remetidos a uma estética partida desta visão cosmogônica. No entanto, esta visão é tão rica que nos faz voar ao ilimitado da inspiração, já que conceitos como morte, finitude, dor, violência, etc., são relativizados. A impermanência nos remete ao infinito, pois nos possibilita este voo inspirado até Deus.
4. Você tem trabalhado com elementos da cultura popular, como a literatura de cordel, os causos e as trovas, para traduzir em linguagem simples os ensinamentos da Doutrina Espírita. Poderia falar um pouco desta experiência?
A cultura popular é um manancial poderoso, pois que tem suas raízes nas construções de três povos: o índio brasileiro, o negro africano e o branco europeu, mesclada pela invasão de outros elementos como os mouros. Então, a arte popular brasileira não tem apenas 500 anos, é milenar, pois bebe nestas fontes, sem falar no processo de inspiração e intuição desses povos que produz um caldo cultural poderosíssimo. E a partir daí eu uso esta cultura popular como veículo para levar esta arte engajada recheada de esperança, pois que vem da espiritualidade.
5. Como você vê a atuação do artista profissional que é espírita? Ele pode desenvolver trabalhos artísticos de conteúdo doutrinário, mesmo sendo remunerado por isto, ou deve abster-se de falar de Espiritismo em seu exercício profissional e tratar de temática espírita apenas nas situações em que ele se apresente gratuitamente, em eventos ou centros espíritas?
Acredito que estes conceitos daquilo que chamamos de arte espírita será incorporado à arte popular brasileira, logo, não vejo problema nenhum em se ser profissional e tirar seu ganho da arte com conceituação espírita. Inclusive, para a espiritualidade isto é relevante. O importante é a mensagem ser veiculada. Veja o exemplo do cinema espírita. Não é arte espírita? Pois bem, todos os envolvidos são muito bem remunerados e nós aplaudimos com fervor, divulgamos com ardor. Então seria uma hipocrisia criticar ou impedir que as outras modalidades não tivessem este direito. A remuneração produz a boa qualidade da arte.
6. Você lançou, informalmente, uma campanha para estimular os espíritas a apoiar a arte espírita. Você acha que está faltando este apoio?
Ainda faço esta campanha, porém com menos afinco, pois tenho que manter minha família. Tenho uma empresa que me mantém com tempo limitado para as atividades espíritas, no entanto, acredito que falta, da parte das lideranças do movimento espírita uma consciência da grandeza da arte como um veículo de divulgação séria do Espiritismo. A arte sempre foi colocada como uma brincadeira de jovens e isto não é verdade. Meu sonho é que a arte espírita seja consumida como o são os livros espíritas.
7. Na sua opinião, qual a contribuição da arte espírita para a sociedade?
A arte espírita, de forma simplificada, é o belo em busca do bem, é a arte moralizada, mas tenho visto alguns autores que afirmam, apaixonados, que a arte está acima do bem e do mal, o que não é verdade! Perguntei a um professor de estética da UFPB se ele aprovaria uma arte que estimulasse o estupro, a matança de crianças como objeto de gozo e ele disse que esta arte teria seu repúdio. Então lhe falei: a arte não pode ser para além do bem e do mal. A arte para ter sua função de tocar e até mudar o seu fruidor tem que ser moralizada, fora disso não é arte. Especialmente a arte espírita que eleva seus fruidores e dá esperança a quem já a perdeu, mostrando o seu futuro luminoso.
8. Como está o movimento artístico espírita na Paraíba?
A arte na Paraíba é muito forte. Os movimentos artísticos de rua, de praça, de palco, de teatro são muito fortes. Assim também a arte espírita. Nós temos inúmeros grupos de música espírita, a exemplo do Grupo Acorde, temos muitos grupos de teatro excelentes. Este ano estaremos levando alguns companheiros para o Fórum da Abrarte, para inserir a Paraíba no roteiro artístico abrarteano.
9. Você tem algum projeto novo a caminho?
Este ano espero terminar o livro “Jesus – A Saga do Amor Sem Fim”. Este livro é o Evangelho de Lucas inteiro feito em poesia. Poesia popular em redondilha, e decassílabos, galopes e martelos cheios de cor e da simbologia evangélica que emociona, pois tem me emocionado bastante. Além deste livro, tem um CD de música e poesia que tem como título “Saudades de Jesus” que estou aprontando para o segundo semestre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário