sexta-feira, 11 de outubro de 2024

CORDÉIS DO SR. CORDEL

 


DO PASSADO 


O Sol vinha se pondo e anoitecia

Quando apareceste em minha frente

O meu chão despencou tão de repente

Que eu não via mais nada, só te via 

Uma áurea lunar te revestia

E eu sem jeito, sem chão naquela hora

A saudade assomou-me sem demora

De outro tempo e outra vida ao teu lado 

Percebi que tu vinhas do passado

Pra fazer meu futuro hoje, agora!

(MERLANIO Sr Cordel)

terça-feira, 8 de outubro de 2024

O SR. CORDEL MERLANIO MAIA FAZ SHOW NO SESC-CG

 


O artista e produtor cultural Merlanio Maia, o Sr. Cordel, no dia 28 de Setembro último, fez Show no SESC-CG Centro. Com suas canções e seus cordéis bem declamados o poeta veio para mostrar que a literatura paraibana, pois a Paraíba é o berço do Cordel, é de uma beleza e grandeza extraordinária.

O evento foi o LITERARTES no SESC CG e foi a primeira Edição do evento literário. Além do poeta muitos escritores, cordelistas e atores, pensadores e desenhistas, pois o LITERARTES juntou Cordel, Literatura Nordestina e HQ - História em Quadrinhos.

Foi um Sucesso!

Parabéns SESC-CG!










segunda-feira, 5 de agosto de 2024

FEIRA DO CORDEL DA FESTA DAS NEVES 2024

 


FEIRA DO CORDEL DA FESTA DAS NEVES 2024


A FEIRA DO CORDEL, desde 2023, já é uma expressão cultural da cidade de João Pessoa. Idealizada pelo poeta Merlanio Maia, o Sr. Cordel, tem sido palco para muitos artistas e Cordelistas por onde passa. Esta Feira Literária já visitou as ruas e praças e shoppings de João Pessoa, levando as belezas da poesia popular nordestina e se fazendo um evento importante.

A Literatura de Cordel, Patrimônio Imaterial e Cultural Brasileiro, desde 2018, é uma literatura com DNA paraibano, pois os iniciadores do Cordel, no seu atual conteúdo, foram Leandro Gomes de Barros e Silvino de Pirauá, ambos sertanejos de Pombal e Patos na Paraíba. E esta bela literatura se espalhou pelo mundo inteiro.

A FUNJOPE - Fundação Cultural de João Pessoa, através do Secretário Marcus Alves, fez esta parceria com a ACVPB - Academia de Cordel do Vale do Paraíba, para que o Cordel fizesse parte da Festa das Neves, que comemora os 439 anos da capital paraibana, a Feira do Cordel, se fez presente trazendo os poetas: Robson Jampa, Arnaldo Mendes Leite, Francisco de Assis Freitas, Merlanio Sr. Cordel e o jornalista e cordelista Dalmo de Oliveira e ainda com a premiação do pequeno poeta Luiz Felipe e seu pai Roberto Ferreira, fazendo uma festa de declamação e música naquele espaço de Literatura.

Essa presença do Cordel mostra que esta literatura é uma força viva e pulsante, com poetas produzindo incessantemente e tem encantado todos que entram em contato. Os turistas se encantam, as crianças se divertem, professores vêm comprar para levar aos seus alunos e fazerem uma aula mais bela e cultural.


















 

segunda-feira, 22 de julho de 2024

UMA VIDA PELA ARTE PELA PAZ III

 (Continuação...)

PRIMEIRO POEMA

 

Continuando a minha Saga pelos caminhos da Arte.

 

A partir daquele dia, sempre ia a Biblioteca para pegar um livro para aquela semana.

 

Maria, a moça da Biblioteca já escolhia os livros infantis para minha leitura.

 

O Diretor do Ginásio Diocesano era o Padre José Sinfrônio de Assis. Muito amigo da minha mãe e tinha o respeito do meu pai. Tanto assim que o padre, foi padrinho de batismo do meu irmão mais novo, Makários.

 

E este padre, adotara seu sobrinho, da mesma minha idade, que era muito estudioso. E um certo dia, o padre levou seu sobrinho Eliézer para apresenta-lo a gente. Éramos seis irmãos, todos meninos.

 

O padre queria entrosar seu sobrinho conosco. E, de fato, ficamos grandes amigos, até a sua morte pela Pandemia de Covid-19.

 

Começamos a criar um vínculo forte de amizade e criamos um grupo de Teatro Turma da Mônica. Interpretando para nós mesmos nos espaços vazios do Ginário. Pois ali era a residência do padre e de Eliézer. Depois outras crianças de outras cidades, que desejavam estudar, foram ali morar, mas nossa amizade nunca diminuiu.

 

E líamos muito. Eliézer também adorava Gibis e a gente colecionava estes HQs que inspiravam nossa vida.

 

Foi Eliézer que descobriu que na Biblioteca tinha livros de poesia. E de cara fiquei apaixonado por Castro Alves e Olavo Bilac Decorávamos os poemas com muita rapidez, mas eu ainda não estudava no Ginásio. Somente no ano seguinte.

 

Um certo dia, na minha caverna mágica, inspirei-me em Olavo Bilac e fiz um poeminha de amor. Decassílabos com três estrofes e quatro verso. Falava de um amor que me tirava o fôlego. E eu tinha 9 anos.

 

Fiz e mostrei a minha mãe sob os olhos invejosos de dois irmãos que fizeram a maior zoação e eu escondo deles o resto do poema.

 

Mas o diabo está nas entrelinhas.

O meu pai era um homem genuinamente sertanejo. Brabo que só um carcará. Bruto que somente um rinoceronte chega perto e tinha uma adoração pelos poemas de Zé da Luz, cujos poemas matutos que revelavam tragédias, ele decorava, apesar de suas trinta estrofes. Era tanta a qualidade da sua declamação, que não raro os radialistas o convidavam para um mini-show de declamação nas rádios. Ao que meu pai, extremamente vaidoso adorava.

 

Mas em casa nos tratava como soldados de um quartel imaginário da sua cabeça dura. Ouso dizer que temíamos mais ao meu pai do que a própria morte! A morte não nos apavorara, ele sim.

 

Um dia, na hora do almoço, aquele meu irmão, sem ter nem pra quê, disse:

 

- Papai, Merlanio escreveu um poema dele mesmo.

 

- Foi? Merlanio, vá buscar que quero ler.

 

Foi a morte! Como mostrar o primeiro poema para  grande declamador e, além disso, pavor nosso de cada dia? Fui porque não podia dizer não, que ele não aceitava. Até para dizer uma negativa, como: Meu filho, está chovendo?

A gente respondia: Sim senhor. Não está chovendo não, sim senhor.

Tinha que dizer não entre dois sim senhor.

 

Entreguei o poeminha e ele leu. Fez ar de riso, mas somente o ar mesmo. E disse:

 

- Parabéns! Bonito poema. Mas um poema de amor, meu filho, você nem tem dez anos.

 

E rasgou meu primeiro poema!

 

Depois começou a almoçar e eu me tremendo entre ódio do meu irmão e pavor dele, com a alma revirando e o amor próprio destruído. Terminei meu prato e saí para minha caverninha.

 

Nunca mais eu escreverei uma linha, MALDITOS!

 

Minha mãe ainda tentou colar os pedaços do poema, mas o vento já tinha levado a maior parte dele e se perdeu na noite dos anos.


UMA VIDA PELA ARTE PELA PAZ II

 

NASCI PARA A ARTE

 

Feito este introito, quero dizer que desde as mais antigas lembranças da minha infância sertaneja, eu sentia que este mundo, somente fazia sentido no fazer artístico.

 

Lembro-me que ver e ouvir os poetas repentistas e os folheteiros a ler os cordéis seus e de outros autores, nas feiras, me impressionava tão profundamente, que muitas vezes fugia de casa em busca deste fruir perigoso, e muitas vezes tirava dinheiro do Caixa da Bodega para comprar Cordéis. No entanto, quando era descoberto recebia duro castigo. Sim, mas não desistia.

 

Outro divertimento compulsivo que tinha era ler Gibis, HQ – Histórias em Quadrinhos. O dono da Banca de Revista já sabia desta minha compulsão e mandava me chamar, quando chegava da sua viagem à cidade grande, de onde trazia Gibis de TEX Willer, FANTASMA – O Espírito que anda, Gavião Negro, Mandrake, Tio Patinhas, A turma da Monica, Zorro e tantos outros heróis que eu tanto adorava.

 

Eu tinha uma maletinha velha, que pertenceu ao meu irmão mais velho e quando ele foi descartá-la lhe pedi para colocar Cordéis, Gibis e meus brinquedinhos de criança sertaneja. Falo em Pião, Bolinhas de Gude(Bila), carrinho de carretel, etc.

 

Ao chegar na quarta série do ensino primário, fui visitar o Ginásio Diocesano Dom João da Mata, com meu irmão, pois este foi fazer a matrícula. Ele me deixou na Biblioteca e foi resolver suas coisas.

 

Foi a primeira vez que vi tanto livro na vida. A moça da livraria, que era amiga de todos nós, cidade pequena é assim, todos se conhecem, veio conversar comigo. E perguntou:

 

- Merlanio você gosta de livros?

 

- Não. Gosto de Gibi e de Cordel.

 

- Ah! Mas você precisa conhecer isto aqui.

 

E me mostrou a coleção de Monteiro Lobato. Toda ilustrada com desenhos lindos. Eu folheei admirado. Nunca tinha pego um livro tão novinho. Ninguém vinha pegar livros desses de crianças.

 

Ela me deixou folheando e saiu. Daqui a pouco chegou meu irmão e ela me perguntou:

 

- Você não quer levar para ler em casa, este livro de Monteiro Lobato?

 

Surpreso perguntei: E eu posso levar pra casa?

 

- Pode sim. Pois seu irmão é matriculado e pode emprestar seu nome para você. Agora tem que devolver na segunda-feira que vem.

 

E eu saí com o livro de Monteiro Lobato para ler.

 

Adorei! Porque vi que tinha muita coisa boa para conhecer a partir daquela Biblioteca.

 

E passei a semana inteira lendo e relendo aquele livro, com tantas personagens. Emília, Narizinho, Pedrinho, o Visconde de Sabugosa, Dona Benta...

Aquilo me encheu de alegria de tal forma que deixava de ir jogar bola para retornar à minha caverna mágica, ao lado da minha casa, por trás do canteiro de plantas medicinais de minha mãe.


(Continua...)

UMA VIDA PELA ARTE PELA PAZ

 

UMA VIDA PELA ARTE PELA PAZ

 

A Arte é coisa divina. Um dia Deus enviou seus anjos à Terra ainda dominada por dinossauros e estes Anjos artistas ensinaram os homens a pintarem as suas presas e os seus predadores nas paredes e tetos das cavernas onde moravam.

Também ensinaram a representarem teatralmente, em torno das fogueiras, a caçada, a fuga e a vitória.

 

E assim nasceu a Arte no mundo. Depois ainda os ensinaram a ter experiências místicas nos sons dos tambores e nas flautas de bambus. E nasceu os ritos de adoração que chegam até os nossos dias.

 

E assim nasceu a Arte!

 

A Arte vai se desenvolvendo com o tempo. Nascem novas formas do fazer artístico, novos instrumentos, novos espaços como Teatros e Salas de expressões.

 

A Arte invade as escolas e a educação prescinde dela como necessitamos do ar para viver. Sem Arte não há educação da alma.

 

Daqueles rústicos lampejos estéticos até os dias atuais a Arte se fez um instrumento tão necessário a vida civilizatória como a alimentação. O homem necessita da Arte para viver.

 

A Arte transcende, a Are cura, a Arte exprime os sentimentos, a Arte eleva o homem, a Arte sensibiliza o embrutecido, a Arte prepara a mente para o estudo, a Arte cria memórias emocionais positivas, a Arte aciona gatilhos de harmonização dos sentimentos, a Arte protege das perseguições, enfim, a Arte aproxima o ser do seu Criador.

(Continua na próxima página...)

segunda-feira, 8 de julho de 2024

LÁ VAI BILIU DE CAMPINA - A CHEGADA DE BILIU NO CÉU

 














LÁ VAI BILIU DE CAMPINA

A CHEGADA DE BILIU NO CÉU 


Lá vai Biliu de Campina

Com seu pandeiro na mão

Caminhando sobre as nuvens

Subindo na imensidão

Assoviando faceiro

E ao ver Jackson do Pandeiro

Dá uma risada gostosa

O abraço de ídolo e fã

Lhe esperança o amanhã

Naquela Mansão formosa


- Venha cá meu velho amigo

Diz Jackson naquele abraço

-Olha a linda multidão

Que veio vê-lo no espaço!

Biliu muito emocionado

Vendo a plateia do lado

Canta ali Sebastiana

E o seu mestre entra na frente

Marinês e sua gente

Ante essa plateia humana 


Biliu pensa um repertório

Traz um côco de porfia 

Pois lhe disse Dominguinhos

Que Deus gosta de alegria

E ali começa o Forró Quentão

Que Gonzagão chegou só 

Com seu chapéu e sanfona

E o Céu ficou mais bonito

Na presença do bendito

Que Biliu proporciona


Já tinha um sofá bem fofo

Que era para Biliu sentar

Enquanto a festa truava

No Céu raiava o luar

Dominguinhos com Sivuca

Deixando a turma maluca

No tirinete que encerra

E Biliu vendo esta cena

Disse: Então valeu a pena

Minha passagem na Terra!


São João, São Pedro e o Santo

Antonio que são festeiros

Desceram para curtir

Esse Forró nos terreiros

E Biliu ali na farra

Parecia uma cigarra

Viu que a saúde chegava

Levantou com seu pandeiro

Cantou também no terreiro

E a todo povo encantava


Gente que estava dormindo

Acordou com este forró

Tinha santa beradeira

Que ali caiu no forró

E Jesus acompanhando

Com Maria abençoando

O que cumpriu seu papel

Fez da vida uma folia

Cantou, dançou, fez poesia

Semeou tanta alegria

E assim Biliu foi pro Céu!

(Merlanio – Sr.Cordel)

sábado, 22 de junho de 2024

O MEU SÃO JOÃO




O MEU SÃO JOÃO 


O São João que eu gosto mesmo

É o que na roça se faz

Que se convida as famílias

Que o carinho é demais

Uns vão fazer a fogueira

E outros colocam bandeira

Tudo de bom vão trazendo

Já tem gente na cozinha

Que a comida gostosinha

De milho já está fervendo


Os jovens vão moer milho

Outros usam ralador

Outros enfeitam o tablado

Já tem São João num andor

O trio de forró já vem

Que hoje vai ter xenhenheim

Dança, quadrilha e quentão 

Ligando a comunidade

Que é grande a felicidade

Vai ser noite de São João 


Vem chegando os violeiros

Que à tarde tem Cantoria

Todo terreiro enfeitado

Colorido de alegria

Tem duas mesas compridas

Para caber as comidas

Queijo, canjica e coalhada

Pamonha e Carne e Jabá 

E arroz doce já tem lá 

E até bode com buchada


As mesas ficam tão cheias

E ainda há mais no fogão

Que é fogão de lenha acesa

E haja café e quentão 

Tem menino assando milho

E a matutada no brilho

Com roupa de cafuçu 

Desde o começo da tarde

A fogueira acesa arde

E vai se abrindo o baú 


Seu Inácio dá um tiro

Com seu grande cravinote

A velha que cochilava

Acorda de um pinote

Que começou o enredo

E até amanhã bem cedo

Ninguém ali fica só 

A Cantoria engraçada

Faz festa da matutada

Jajá começa o Forró 


Um declamador levanta

Diz a poesia engraçada 

E um poeta diz a loa

Pra matutinha enfeitada

Todos riem na alegria

Que a festa linda irradia

Unindo pais, filhos, filhas

Sobre a Cultura mais fina

Da tradição nordestina 

Que une muitas famílias 


Os meninos e as meninas

Soltam traque no terreiro

É chuvinha e Buscapé 

Sob a luz do candeeiro

E a comida é gostosa

Tão diversa e saborosa

Que a todos vai agradar

E a conversa fiada

Vai arrancando a risada

Até o dia clarear


E quando a sanfona chama

Todos ao terreiro vão 

No Xote, Forró, Xaxado,

E as marchinhas e o Baião 

Essa é a música mais linda

E a dança é mais linda ainda

Na cultura de raiz

E o Forró vai noite afora 

Que até a Lua penhora

Pra o povo ficar feliz


Zé Chico chama Rosinha

E pede ela em casamento

E assim começa a quadrilha

Com padre e com sogro atento

Tem até cana da boa

Bebe o patrão e a patroa

E à matutada se iguala

Já tem um casal dançando

Num inxirimento chegando 

Lá no cantinho da sala


E o Forró varando a noite

Já entra na madrugada

Diz uma velha de fogo:

-Vamo, véi, dá uma dançada?

O velho levanta e cai

Que a bebida já vai

Subindo e o deixando tonto

O velho vai levantando

E todos vão gargalhando

Que aquele passou do ponto


O Sol já chega esquentando

E a festa retarda o fim

-Que noite maravilhosa!

Todos vão dizendo assim

Alguns já voltam pra casa

A sanfona cria asa

Mas cumpriu divino plano

Abraços e despedidas 

Que ali festejou-se a vida

No São João de todo ano


Ali começa um namoro

Dali sai um casamento

Ali o amor harmoniza

É a Cultura em movimento

Tradição que o filho e a filha

Perpetuarão na família

Aumentando a emoção 

Eternizando a memória 

A alegria, a festa, a glória,

A união que faz história 

Nada há melhor que o São João!

(Merlanio - Sr.Cordel)



quarta-feira, 19 de junho de 2024

SUPERSTIÇÃO - DO POETA POMPÍLIO DINIZ

 


SUPERSTIÇÃO

Pompílio Diniz

 

Hoje é treze, sexta-fêra

Me alevantei nas carrêra

Sem fazê o Pelo-siná

Uma coruja agorô

E um Bode preto berrô

Na porteira do currá

É hoje o dia do azá !!!

 

Passei pru baxo da escada

E levei lógo uma cusparada

De um arubú que tava lá

Acauã cantô no máto

Pisei no rabo de um gato

E uví um cachorro uivá.

 

Pra omentá meu desespêro

A galinha no terrêro

Cantô treis veis sem pará

E na cumeeira da casa

Um arubú abriu as asa

E dispois num quis voá...

 

Eu começei a ter mêdo

Quando ví de manhã cêdo

O seu vigário passá

Vê pade numa hora dessa

A sorte vira azavéssa

E na mais certo dá

 

Nessa hora a mulhé me inguiça

E por maldade ou preguiça

Não quis me desenguiçá...

Tava um chinelo emboicado

O espeio mãeceu quebrado

E caco de espeio faiz má....

 

Um gato preto me alisa

E eu fui drumi sem camisa

E tudo isso faiz má;

E a muié dos zóio-torto

Sacudiu um sapo morto

Pra dentro do meu quintá...

 

Caiu sá dentro do fogo

E um galo preto, com gôgo

Depois quis me beliscá

E a coisa tá piorando,

A sogra amanheçeu cantando

E agouro pior não há !!!

 

Por isso mais uma vez

Eu previno a vosmiçês

Num é bom facilitá...

Cuidado com brancadeira

Que hoje é treze, sexta-feira

É hoje o dia do azaaaaaá!

segunda-feira, 15 de abril de 2024

NARRA A LENDA

 NARRA A LENDA


Narra a Lenda que Kardec

Saiu, não disse a ninguém

Sem celular, sem notícias

Senhora Kardec vem

Muito aflita a procurar

Até que vai se lembrar

De uma médium com heroísmo

Recebe dum amigo velho:

Kardec faz o Evangelho

Segundo o Espiritismo!

(Merlanio)


POEMA EM HOMENAGEM AOS 160 ANOS DO LANCAMENTO DO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

sábado, 13 de abril de 2024

NORDESTINAÇÃO DIVINA

 


NORDESTINAÇÃO DIVINA


Boa noite meus senhores 

E senhoras desta sala

Permita-me esta fala

Que a paz esteja em nós

Que Jesus nos ilumine

Somos da Nação Nordeste

E é aqui que Deus investe

O Evangelho é sua voz


Eis aqui o Paraíso

Basta olhar na redondeza

Que beleza a Natureza

Meu Nordeste é o Paraíso

E esse Sol que nos aquece?!

E esse Luar do Sertão?!

Nos enche de emoção

Como um sonho mais preciso


E as praias e o oceano

E as ondas beijando a areia

Qual floresta que se alteia

Sob o mar misterioso

Da Mata Atlântica à Caatinga

Tudo traz frutos e flores

Suscitando-nos amores

Por Deus todo poderoso


Aqui tem santos e reis

A Arte por todos os cantos

E os cantos cheios de encantos

Das três raças misturadas

Que produziram esse povo

Com os ritmos, e as melodias

Os poetas e as poesias

Culturas miscigenadas


Nosso povo é um prêmio à parte

Amoroso e sedutor

Cheio de afeto e de  amor

Que abraça o outro sem manha

Como se fosse um irmão

Irmão que de fato o é

Esse meu povo tem fé

Fé que remove montanha


E Deus sem que eu pedisse

Mandou nascer no Nordeste

Que honra imensa e inconteste

Que Deus-pai me concedeu

Antes de eu reencarnar

Mandou me apresentar

O Céu, o Sertão, o Mar

Tudo isso me aconteceu


No Maranhão me mostrou

O Boi Bumbá da nação

Os seus lençóis e a canção

Que no Maranhão nasceu

Os tambores de crioula

O Reaggae nos seus altares

Tambor danças populares

Minha alma se estremeceu


Passando no Piaui

A Serra da Capivara

Minha alma se asserenara

Nas danças daquele povo

Bumba meu Boi e Congada

E o Cavalo Piancó

Congada e Reisado e eu só

Pensava em nascer de novo

Rabecas e Bandolins

E as danças e os querubins  

Fiquei qual pinto no ovo


Quando vi o Ceará

Pensei que não sairia

O Forró e a Poesia

E as Pinturas, que beleza

Sua história me encantava

Muita luz e o bom humor

E a natureza um primor

Que tão rica Natureza

Terra de grandes artistas

Músicos e humoristas

Que apaixonei com certeza


No Rio Grande Potiguar

O Caju, o Carnaval,

Patrimônio Cultural

O Boi Calemba, Caboclinho

O Pastoril, o Fandango

O Forró e o nosso Baião

Tudo em primor e emoção

Construído com carinho

E as praias... que lindeza

Chocou-me tanta beleza

E já não me senti sozinho


Deus me mandou à Bahia

Com sua crença e misticismo

Os santos e o heroísmo

Da mãe-África pela paz

Que povo lindo da noite

A Culinária com história

As danças e a memória

E a força dos ideais

Quase me baianizei

Que grandeza ali, meu rei

E ainda tinha muito mais


Em Sergipe Deus levou-me

Querendo me encantar

E também me fez provar 

Da culinária dos mares

Do São Gonçalo a Taieira

Da Chegança, do Guerreiro,

Do Reisado ao Cangaceiro

Lindezas desse lugar

E as praias de encantamento

Tudo fez Deus num momento

Pra o povo nordestinar


Dali fui para Alagoas

E Deus não deixou-me só

Que lindeza Maceió

Não é brincadeira não

Vi o Côco Alagoano

As danças, o Pastoril,

E o azul do mar bravio

Traduziu minha emoção

Deus falou dentro de mim:

-Essa beleza sem fim

É pra vossa evolução!


Subimos um pouco mais

E cheguei em Pernambuco

E eu quase fico maluco

Com as belezas acolá

E Deus disse: Meu poeta,

Aqui há herança nativa

Da Europa e da África viva,

E a Holanda veio cá

E é preciosa a mistura

Pra formatar a cultura

Do Nordeste de Oxalá


E dançando o frevo bom

Maracatu e outros mais

Cheguei com imensa paz

No paraibano chão 

E Deus disse é bem aqui

Onde o Sol nasce primeiro

E o vento corre fagueiro

No azul da imensidão


Sim! 

E esse sotaque e esse olhar,

E essas praias tão lindas

Onde as gentes são bem-vindas

Onde o manjar é o cuscuz

Sou serras, sou terras, vidas

Sou praias e sou Sertão

Sou do Cariri irmão

Sou Paraíba de Luz


Pois bem a minha viagem

É o jeito de apresentar

Esse lugar de sonhar

Um lugar que a gente veste

Quis mostrar no meu poema

Que nação especial

Que templo fenomenal

De grandeza espiritual

Que nós chamamos Nordeste


Então bem-vindos irmãos

Do Nordeste Brasileiro

Somos pedras do terreiro

Que o próprio Jesus ergueu

Pedras do Reino divino 

No Evangelho do Amor

Pedra feliz ante a dor

Simãos, Paulos e cirineu

Joãos, vestindo a camisa

Da luz que se faz precisa

Desse dom que é meu e teu!

E aqui fomos semeados

E pelo Mestre cultivados

Que o Nordeste Deus nos deu!

(Merlanio)

sábado, 16 de março de 2024

A VERDADE NUA E CRUA

 


A VERDADE  NUA E CRUA #2836


Dizem por aí que um dia

A Mentira por maldade

Para um banho na lagoa

Foi convidar a Verdade

Quando a Verdade tirou

Seu manto e na água entrou

A Mentira bem ligeira

Vestiu o manto da Verdade

E saiu a espalhar ruindade

Pelo mundo na carreira


E é por isso que a Verdade

Anda pelo mundo nua

Mentira roubou seu manto

E a Verdade é nua e crua

Não leva mais vestimenta

Quem é atento e atenta

Pro detalhe que o inspira 

Quando percebe num canto

Uma verdade com o manto

Não é Verdade é Mentira!

(Merlanio)


#Cordel #merlanio #Sr.cordel

https://www.instagram.com/p/C4lLhvKLbzC/?igsh=dHFncmFub3p5eG5n


Quadro A VERDADE  

De Jean Léon Gerome 1896

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

VERSOS ESPARSOS 2

 


OS QUE ME ACHAM LOUCO #2807


E eu que me rio em cascata

Se louco me vaticinas

E normótico destinas 

O teu nanismo mental

E eu que sou filho dos deuses

Estou contigo um momento

Que meu lar é o firmamento

Meu reino é espiritual


Tua riqueza mais rica

Lá no meu mundo é funérea

Tudo que vem da matéria

É um não-ser no meu mundo

Se tens carros e eu uso as asas

Tens mansões e eu o universo

Levarás ao Multiverso

O espaço e tempo infecundos?


Se aqui não guardo dinheiro

Tenho a luz das dimensões

Tenho sonhos e visões

Que a normose não alcança

Venho de sóis de esplendores

Sou peregrino das flores

Sou gentileza e esperança


Teu corpo nessa matéria

É veículo passageiro 

Triste clown em picadeiro

E eu sou viajor nos meus

Tu que te achas tão nobre

Se lembrasse de onde vem

Também serias do bem

Como eu: FILHO DE DEUS!

(Merlanio)




DAQUI A CEM ANOS #2808


Daqui a exatos cem anos

Esse povo estará morto

Eu, você, nossos amigos

Já partimos deste porto

Objetos, carro, casa,

Conta... tudo criou asa

Nem se lembrarão de nós

Nada nosso haverá mais

Igualmente aos ancestrais

Será o após do após


Porque então te preocupas?

O apego, a ganância, a gana,

Para que tanto egoísmo

Se essa geração humana

Vai passar e segue a vida 

De uma forma incontida

Tudo tudo vai passar

É hora então de aprender 

Que a mágica do viver

É na viagem se amar


Amar-se e curtir a vida

Desapegar das bobagens

Ficar livre, leve e solto

Ter o mínimo nas bagagens

Mergulhar no imenso amor

E alegrar por onde for

E é no amor que tudo faz

Integrar-se à natureza

Artefazer a beleza

Mantendo a candeia acesa

Da Luz do Bem e da Paz

(Merlanio)


RETIRANTE


Vindo do Sertão profundo

O pau-de-arara gemia

Levava cem capiaus

Dentro da carroceria

Às tantas da madrugada

Entre dormindo e acordada

A mulher de supetão 

Diz: Ô Irineu Tu tá neu?

- Eu não, responde Irineu

Ô Irineu, então tão!

(Merlanio)



Lá no Sertão num velório

Alguns falavam baixinho

Vez por outra alguém dizia:

- Morreu como um passarinho!

Mas lá fora a um pé de cana

Chamado Chico Bacana

Perguntaram na carreira:

- De que foi que ela morreu?

Chico lá do canto seu

Depressa lhe respondeu:

- Pedrada de balieira!

(Merlanio)




POESIA #2810


QUANTAS vezes quantos dias

Quantos versos versejei

Quantos tempos quantas vidas

E quantos sonhos eu sonhei

Quantas rugas no meu rosto

Quantos espelho contei

Quantas noites quanta agrura

Quantas vezes eu contei

E de tanto fazer conta

Quantas vezes eu chorei

Quando o dono da ampulheta

Mandar parar pararei

Nem sei quanto é minha conta

Quando nem lembrar lembrei

Quando a velhice do mundo

Me vier velho serei

E aquele homem de ouro e prata

Nos portais perguntarei 

Haverá verso no anverso

No Multiverso? Não sei

Mas mesmo nos purgatórios

Quanto a purgar purgarei

Purgarei mas versejando

Que em cada verso estarei

Que o que sou é poesia

Poesia sou e serei

Mesmo sem Céus, Paraísos

Os meus versos cantarei

E onde o meu canto entoa

Meu reinado criarei

E nesse reino há alegria

Que em tudo inventário

Se há alegria há o amor

O amor que amarei

E o amor é o Paraíso

E é por lá que serei!

(Merlanio)




AMORES #2811


Não tenha pena de mim

Quando esgotar o Amar

Do Eros que há nos amantes

O Amor-filos vai ficar

E quando esse amor se for

O Amor-ágape num esplendor

Me fará bem mais amar!

(Merlanio)



A VERDADE É APÓS O MAS #2812


ATENTAI BEM, Meuzamô!

A verdade positiva

Segue o Mas, Porém, Contudo 

É após a Adversativa 

A conjunção poderosa

Que muda o rumo da prosa

E jamais vem no começo 

Tipo: "Eu Te Amo, mas..."

E o amor ficou pra trás

"Mas" é o avesso do avesso


"Você está tão bonita, 

Todavia, Mas, Porém,

Contudo". E a beleza foi

E a verdade agora vem

"Não sou racista, contudo..."

É racista cabeludo

Que sonha em tronco na mesa

Quer desvendar a maldade?

Detector da verdade

É a Gramática Portuguesa!

(Merlanio)


Se liga, Cabavéi, que a língua é minha Pátria!




Sem dúvida meu amigo

A língua lambe e mastiga,

Engole, enrole e fustiga,

Contorce em prazer real

Interruptor potente

Liga na porta da frente

De cima manda a corrente

Pro chacra umbilical


Mas também se comunica

Reverbera prende o ar

E a mensagem vai mandar

Na linguagem da nação

É a língua o maior órgão

Que faz querra e traz a paz

Pra mim é pátria e faz

Minha comunicação!

(Merlanio)



NO REINO #2810


QUANTAS vezes quantos dias

Quantos versos versejei

Quantos tempos quantas vidas

E quantos sonhos sonhei

Quantas rugas no meu rosto

Quantas no espelho contei

Quantas noites quanta agrura

Quantas vezes eu somei

E de tanto fazer conta

Quanta lágrima derramei

Quando o dono da ampulheta

Mandar parar pararei

Nem sei quanto devo à vida

Quando nem lembrar lembrei

Quando a velhice serena

Me vier velho serei

E Eu - homem de ouro e prata -

Nos portais perguntarei 

Haverá verso no anverso

Do Multiverso? Não sei!

Mas mesmo nos purgatórios

Quanto a purgar purgarei

Purgarei em Cantoria

Que em cada verso estarei

Que o que sou mesmo é poesia

Poesia sou e serei

Tirem-me Céus, Paraísos

E eu meus versos cantarei

E onde o meu canto entoa

Meu reinado criarei

E meu reino é de alegria

Que em tudo inventarei

Onde há alegria há amor

O amor que amarei

E o amor é o Paraíso

E é por lá que reinarei!

(Merlanio)



 O DEVIR DA VIDA #2813


Foi nosso Augusto dos Anjos

Que explicitou em poesia

Da perda da energia

Sem seu aproveitamento

O que seria e não é 

O que não foi mas iria

O que vinha e se perdia

Sem seu acontecimento


É o conceito a vir-a-ser

O devir que não se fez

E desconcertou de vez

As potestades dos Céus

A Paz que não pazeou

O Amor que não amou

E o poeta que calou

Deixando o arbítrio pra Deus!


A volta dos que não foram

Queda de quem não subiu

O grito que não se ouviu

A inspiração perdida

O tempo jogado fora

A florada que não flora

A evolução que ignora

A perda da própria vida

(Merlanio)



Minha Rosa fulorô 

Que toda Rosa é fulô 

Fulorada na Roseira

Como o poema é poesia

Como a manhã faz o dia

E o canto faz Cantoria

E encanta a aldeia inteira

(Merlanio)



 LINGUAGEM DO CORDEL #2815


VIVA o povo nordestino

De alma plena de alegria

Seja no seu matutês 

"Pruquê", "pru mode" ou "pru via"

Ou no fino português

Que a fala é canto e poesia


Um povo assim com seu canto

Desencanta a sua dor

Tanto quanto o próprio pranto

É encanto arrebatador

É meu povo livre é santo

Nordestinado no amor!


Então vem ser nordestino

De destino e coração

Aprenda a cantar o hino

Em Cordel, Xote, Baião

Dizarreda o desatino

Vem ser feliz nesse chão!


Vem se encantar nessa trança 

Vem mudar o teu papel

Vem dançar a nossa dança

Escutando o Menestrel

Vem falar a fala mansa

Na linguagem do Cordel!

(Merlanio)


FLOR DO AMOR #2816


A Flor do Amor quando brota

Não espera as estações

Ela brota no desejo

Desata nós, faz canções

E acolhe que o acolher

É a Flor do Amor a nascer

Com todo seu esplendor

E sempre é primavera

Flora onde não se espera

Prenúncio da Nova Era

Deus vive na Flor do Amor!

(Merlanio)


DIAS BONS PRA NÓS, MEUZAMÔ!


ENEASSÍLABO é o verso de novembro sílabas poéticas.



 FIMOSE #2809


Doutor Josias Batista

Que médico indo e vortando

Mandou eu ir me ajeitando

Pra operar de fimose

É que o couro da mimosa

Já estava me atrapalhando

E assim fui me organizando

Pra sofrer a rebordosa


Marcamos pro fim do mês

Essa minha cirurgia 

Cheguei após meio dia

Pra ficar livre daquilo

Ele explicou direitinho

E cortava sem parar

E ao terminar de operar

O couro deu meio quilo


Quando eu vi o couro todo

Inda hoje me arrupia

De onde é que saia

Toda essa pele de fato

Falei com Chico do couro

Que disse: Isso valeu ouro

E no final meu tesouro

Deu Chapéu, Mala e Sapato!

(Merlanio)



 PENSAMENTO DE LEANDRO


Se eu conversasse com Deus

Iria lhe perguntar:

Por que é que sofremos tanto

Quando viemos pra cá?

Que dívida é essa que a gente 

Tem que morrer pra pagar?


Perguntaria também

Como é que ele é feito

Que não dorme, que não come

E assim vive satisfeito.

Por que foi que ele não fez

A gente do mesmo jeito?


Por que existem uns felizes

E outros que sofrem tanto?

Nascemos do mesmo jeito,

Moramos no mesmo canto.

Quem foi temperar o choro

E acabou salgando o pranto?

(Leandro Gomes de Barros)


 O PROTETOR


Se você é cabra macho

E não cuida do traseiro

Por medo de viciar-se

Brincando no tabuleiro

Pois saiba que igualmente

Ao coração e a mente

Você tem próstata também

É uma vávula capital

No exercício sexual

Que adoece também


E é preciso examinar

Todo ano para ver

Se tem saúde esta próstata

Ou precisa interceder

Tratar e bucar a cura

Senão vai pra sepultura

Não seja um irresponsável

Veja o PSA

Depois o médico vai lá

No cá-pra-nóis honorável


O doutor vai e introduz

No reto do meu cumpádi

O dedo que não machuca

Não humilha e nem invade

Não desonra, nem viola

Apenas no toba atola

O dedo lubrificado

Toca a próstata, massageia,

Vê se tem câncer na aldeia

E lhe dá o resultado


Depois de verificado

Não sinta vergonha ou medo

Porque naquele exame

O intrumento é o dedo

Se há doença, o doutor

Vai curar a sua dor

E o cumpádi continua

Como um jumento sarado

Em nada desabonado

Gozando a vidinha sua


Agora quem é machão

Que não mexe nos guardado

Não permite um exame

Tem pantim pra todo lado

Vai sentir uns mal estar

Sem conseguir nem mijar

De ignorância do cão

Pra não mexer no cheiroso

Será o próximo canceroso

Num sofrimento horroroso

Morrerá como machão


Deixará sua família

A viuvinha mimosa

Serão órfãos filho e filha

Por seu machismo de prosa

E algum tempo mais além

A viúva terá um bem

Na praia de Tambaú

Mas ficará na memória

Sua atitude simplória

E contarão a sua história:

-Morreu protegendo o cu!

(Merlanio


MENINO VÉI 

Quem já foi menino véi

Reinando no matutês

Conheceu o som da rua

Que é o Cavaco Chinês

Foi desse triângulo só

Que hoje encanta o Forró

Que isso Gonzagão fez

Sanfonou e Zabumbou

Ouviu, gostou e inovou

E o mundo copiou

Tal qual Cavaco Chinês!

(Merlanio)

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 QUEM AMOU


Quem já passou nessa vida

E por amor não sofreu

Pode até ser dinheirudo

Mas o infeliz não viveu

Pois quem ama intensamente

Liga a alma acende a mente

Vive em todas dimensões

E às vive com qualidade

É dono dessa verdade:

Onde foi deixou saudade

Pois fez luz nos corações!

(Merlanio)

https://www.instagram.com/p/C3XnojurLRN/?igsh=YzRsc2RqOG4xNXN6




QUANDO FINDA O CARNAVAL #2814


Quando finda o Carnaval

Faz bem criar mais juízo

Focar no que é preciso

Que o bom da vida é viver

Pertencer a sua aldeia

Acender sua candeia

Coletivizar a teia

Buscar mais Ser do que Ter


Lembrar que o outro é parceiro

Respeitar pra mais ganhar

Pra receber tem que dar

Ser amigo de verdade

Perdoar pra ter perdão

Saber que o tempo é agora

Urge viver sem demora

Que assim vive a humanidade!

(Merlanio)


 O PALCO #2816


Quando eu subo em qualquer palco

Sinto a energia divina

A voz atinge os agudos

Vem a boa adrenalina

Um prazer me faz mais forte

Sem temor sequer da morte

E tomam-me os guias meus

Meus versos chegam floridos

Aguçam-se meus sentidos

E bem alto aos meus ouvidos

Algo diz: TU ÉS DE DEUS!

(Merlanio)



JUVENTUDE E VELHICE #2815


Na juventude a ilusão

Vive a bater nossa porta

O vinho nos embriaga

Nossa força não entorta

Sobe correndo a ladeira

Que em tudo há brincadeira

Nesse mundão sedutor

Cada célula tem seu viço

Tudo é força e rebuliço

A paixão soterra o amor


Entre chegada e partida

Certo dia chega o inverno

O frio, as folhas caídas

E a velhice em velho terno

Nos toma naquele dia

A ilusão perde a valia

Há sintomas de exaustão

A visão mais embotada

E nessa intensa jornada

A alma quer e o corpo não 


Porém nos traz o bom senso

Mostra o valor onde está

Tem sabores e saberes

E o belo que em tudo há

Todo encanto da criança

A força, a fé, a esperança

E a vida nos tempos seus

Que o viver tem mais valor

Que manda amar o amor

Ser jovem é paixão e ardor

Mas ser velho é ser de Deus!

(Merlanio)



 CRIANÇA 


Toda criança do mundo

É patrimônio da vida

Deveria ser tombada,

Sagrada e bem protegida

Seja da nação que for

Plena de inocência e amor

Em todos os atos seus

Que os homens protejam mais

Pra que o mundo tenha Paz

Que a criança é a Paz de Deus!

(Merlanio)



MISTÉRIO DA VIDA #2820


Ontem foi a juventude

Que me tomou pela mão

Iludiu-me na ilusão

Do seu vinho sedutor

Embriaguei-me risonho

E sonhei o amargo sonho

Ébrio de utopia e ardor


Mas o tempo é implacável 

E a dona velhice trouxe

O poder logo acabou-se

Chegou a fragilidade,

A enfermidade e a carência 

As mãos perderam potência 

Na nova realidade


Mas por magia ou encanto

A Phoenix sabedoria

Das cinzas logo se erguia

Pra desvendar o mistério

Deus fez a vida mais bela

Deu sentido ao vivenciado

Que o Universo é escalado

Dos muros do Cemitério

(Merlanio - 24.02.24)


O PORTAL


 O Universo abre o Portal toda vez

Que há generosidade num regaço

Quando alguém se aproxima passo a passo

E oferece o socorro mais cortez

Quem socorre não diz o Bem que fez

Quem acolhe não faz publicidade

Quem recebe é quem sabe de verdade

Todo encanto de um gesto de valor

E Deus que tudo vê paga com amor

E abre a porta do Céu pra a caridade!

(Merlanio)


 A GENTE SÓ TEM A GENTE


É preciso juntar força

Que união é poder

Quer ver o bicho correr?

Faça amigos na partida

Que a verdade é recorrente

Na precisão de um repente

A gente só tem a gente

Pela gente nessa vida!


Já diz o velho deitado:

Melhor amigo na praça

Do que dinheiro na traça

Na chegada ou na partida

Pra quem é inteligente

A coisa surpreendente

É a gente só ter a gente

Pela gente nessa vida!


Por isso eu digo e repito

Seja coletividade

Que amigo de verdade

É coisa rara e doída

Quem é sábio é previdente

Tem amigo consciente 

Que a gente só tem a gente

Pela gente nessa vida!

(Merlanio)