OS QUE ME ACHAM LOUCO #2807
E eu que me rio em cascata
Se louco me vaticinas
E normótico destinas
O teu nanismo mental
E eu que sou filho dos deuses
Estou contigo um momento
Que meu lar é o firmamento
Meu reino é espiritual
Tua riqueza mais rica
Lá no meu mundo é funérea
Tudo que vem da matéria
É um não-ser no meu mundo
Se tens carros e eu uso as asas
Tens mansões e eu o universo
Levarás ao Multiverso
O espaço e tempo infecundos?
Se aqui não guardo dinheiro
Tenho a luz das dimensões
Tenho sonhos e visões
Que a normose não alcança
Venho de sóis de esplendores
Sou peregrino das flores
Sou gentileza e esperança
Teu corpo nessa matéria
É veículo passageiro
Triste clown em picadeiro
E eu sou viajor nos meus
Tu que te achas tão nobre
Se lembrasse de onde vem
Também serias do bem
Como eu: FILHO DE DEUS!
(Merlanio)
DAQUI A CEM ANOS #2808
Daqui a exatos cem anos
Esse povo estará morto
Eu, você, nossos amigos
Já partimos deste porto
Objetos, carro, casa,
Conta... tudo criou asa
Nem se lembrarão de nós
Nada nosso haverá mais
Igualmente aos ancestrais
Será o após do após
Porque então te preocupas?
O apego, a ganância, a gana,
Para que tanto egoísmo
Se essa geração humana
Vai passar e segue a vida
De uma forma incontida
Tudo tudo vai passar
É hora então de aprender
Que a mágica do viver
É na viagem se amar
Amar-se e curtir a vida
Desapegar das bobagens
Ficar livre, leve e solto
Ter o mínimo nas bagagens
Mergulhar no imenso amor
E alegrar por onde for
E é no amor que tudo faz
Integrar-se à natureza
Artefazer a beleza
Mantendo a candeia acesa
Da Luz do Bem e da Paz
(Merlanio)
RETIRANTE
Vindo do Sertão profundo
O pau-de-arara gemia
Levava cem capiaus
Dentro da carroceria
Às tantas da madrugada
Entre dormindo e acordada
A mulher de supetão
Diz: Ô Irineu Tu tá neu?
- Eu não, responde Irineu
Ô Irineu, então tão!
(Merlanio)
Lá no Sertão num velório
Alguns falavam baixinho
Vez por outra alguém dizia:
- Morreu como um passarinho!
Mas lá fora a um pé de cana
Chamado Chico Bacana
Perguntaram na carreira:
- De que foi que ela morreu?
Chico lá do canto seu
Depressa lhe respondeu:
- Pedrada de balieira!
(Merlanio)
POESIA #2810
QUANTAS vezes quantos dias
Quantos versos versejei
Quantos tempos quantas vidas
E quantos sonhos eu sonhei
Quantas rugas no meu rosto
Quantos espelho contei
Quantas noites quanta agrura
Quantas vezes eu contei
E de tanto fazer conta
Quantas vezes eu chorei
Quando o dono da ampulheta
Mandar parar pararei
Nem sei quanto é minha conta
Quando nem lembrar lembrei
Quando a velhice do mundo
Me vier velho serei
E aquele homem de ouro e prata
Nos portais perguntarei
Haverá verso no anverso
No Multiverso? Não sei
Mas mesmo nos purgatórios
Quanto a purgar purgarei
Purgarei mas versejando
Que em cada verso estarei
Que o que sou é poesia
Poesia sou e serei
Mesmo sem Céus, Paraísos
Os meus versos cantarei
E onde o meu canto entoa
Meu reinado criarei
E nesse reino há alegria
Que em tudo inventário
Se há alegria há o amor
O amor que amarei
E o amor é o Paraíso
E é por lá que serei!
(Merlanio)
AMORES #2811
Não tenha pena de mim
Quando esgotar o Amar
Do Eros que há nos amantes
O Amor-filos vai ficar
E quando esse amor se for
O Amor-ágape num esplendor
Me fará bem mais amar!
(Merlanio)
A VERDADE É APÓS O MAS #2812
ATENTAI BEM, Meuzamô!
A verdade positiva
Segue o Mas, Porém, Contudo
É após a Adversativa
A conjunção poderosa
Que muda o rumo da prosa
E jamais vem no começo
Tipo: "Eu Te Amo, mas..."
E o amor ficou pra trás
"Mas" é o avesso do avesso
"Você está tão bonita,
Todavia, Mas, Porém,
Contudo". E a beleza foi
E a verdade agora vem
"Não sou racista, contudo..."
É racista cabeludo
Que sonha em tronco na mesa
Quer desvendar a maldade?
Detector da verdade
É a Gramática Portuguesa!
(Merlanio)
Se liga, Cabavéi, que a língua é minha Pátria!
Sem dúvida meu amigo
A língua lambe e mastiga,
Engole, enrole e fustiga,
Contorce em prazer real
Interruptor potente
Liga na porta da frente
De cima manda a corrente
Pro chacra umbilical
Mas também se comunica
Reverbera prende o ar
E a mensagem vai mandar
Na linguagem da nação
É a língua o maior órgão
Que faz querra e traz a paz
Pra mim é pátria e faz
Minha comunicação!
(Merlanio)
NO REINO #2810
QUANTAS vezes quantos dias
Quantos versos versejei
Quantos tempos quantas vidas
E quantos sonhos sonhei
Quantas rugas no meu rosto
Quantas no espelho contei
Quantas noites quanta agrura
Quantas vezes eu somei
E de tanto fazer conta
Quanta lágrima derramei
Quando o dono da ampulheta
Mandar parar pararei
Nem sei quanto devo à vida
Quando nem lembrar lembrei
Quando a velhice serena
Me vier velho serei
E Eu - homem de ouro e prata -
Nos portais perguntarei
Haverá verso no anverso
Do Multiverso? Não sei!
Mas mesmo nos purgatórios
Quanto a purgar purgarei
Purgarei em Cantoria
Que em cada verso estarei
Que o que sou mesmo é poesia
Poesia sou e serei
Tirem-me Céus, Paraísos
E eu meus versos cantarei
E onde o meu canto entoa
Meu reinado criarei
E meu reino é de alegria
Que em tudo inventarei
Onde há alegria há amor
O amor que amarei
E o amor é o Paraíso
E é por lá que reinarei!
(Merlanio)
O DEVIR DA VIDA #2813
Foi nosso Augusto dos Anjos
Que explicitou em poesia
Da perda da energia
Sem seu aproveitamento
O que seria e não é
O que não foi mas iria
O que vinha e se perdia
Sem seu acontecimento
É o conceito a vir-a-ser
O devir que não se fez
E desconcertou de vez
As potestades dos Céus
A Paz que não pazeou
O Amor que não amou
E o poeta que calou
Deixando o arbítrio pra Deus!
A volta dos que não foram
Queda de quem não subiu
O grito que não se ouviu
A inspiração perdida
O tempo jogado fora
A florada que não flora
A evolução que ignora
A perda da própria vida
(Merlanio)
Minha Rosa fulorô
Que toda Rosa é fulô
Fulorada na Roseira
Como o poema é poesia
Como a manhã faz o dia
E o canto faz Cantoria
E encanta a aldeia inteira
(Merlanio)
LINGUAGEM DO CORDEL #2815
VIVA o povo nordestino
De alma plena de alegria
Seja no seu matutês
"Pruquê", "pru mode" ou "pru via"
Ou no fino português
Que a fala é canto e poesia
Um povo assim com seu canto
Desencanta a sua dor
Tanto quanto o próprio pranto
É encanto arrebatador
É meu povo livre é santo
Nordestinado no amor!
Então vem ser nordestino
De destino e coração
Aprenda a cantar o hino
Em Cordel, Xote, Baião
Dizarreda o desatino
Vem ser feliz nesse chão!
Vem se encantar nessa trança
Vem mudar o teu papel
Vem dançar a nossa dança
Escutando o Menestrel
Vem falar a fala mansa
Na linguagem do Cordel!
(Merlanio)
FLOR DO AMOR #2816
A Flor do Amor quando brota
Não espera as estações
Ela brota no desejo
Desata nós, faz canções
E acolhe que o acolher
É a Flor do Amor a nascer
Com todo seu esplendor
E sempre é primavera
Flora onde não se espera
Prenúncio da Nova Era
Deus vive na Flor do Amor!
(Merlanio)
DIAS BONS PRA NÓS, MEUZAMÔ!
ENEASSÍLABO é o verso de novembro sílabas poéticas.
FIMOSE #2809
Doutor Josias Batista
Que médico indo e vortando
Mandou eu ir me ajeitando
Pra operar de fimose
É que o couro da mimosa
Já estava me atrapalhando
E assim fui me organizando
Pra sofrer a rebordosa
Marcamos pro fim do mês
Essa minha cirurgia
Cheguei após meio dia
Pra ficar livre daquilo
Ele explicou direitinho
E cortava sem parar
E ao terminar de operar
O couro deu meio quilo
Quando eu vi o couro todo
Inda hoje me arrupia
De onde é que saia
Toda essa pele de fato
Falei com Chico do couro
Que disse: Isso valeu ouro
E no final meu tesouro
Deu Chapéu, Mala e Sapato!
(Merlanio)
PENSAMENTO DE LEANDRO
Se eu conversasse com Deus
Iria lhe perguntar:
Por que é que sofremos tanto
Quando viemos pra cá?
Que dívida é essa que a gente
Tem que morrer pra pagar?
Perguntaria também
Como é que ele é feito
Que não dorme, que não come
E assim vive satisfeito.
Por que foi que ele não fez
A gente do mesmo jeito?
Por que existem uns felizes
E outros que sofrem tanto?
Nascemos do mesmo jeito,
Moramos no mesmo canto.
Quem foi temperar o choro
E acabou salgando o pranto?
(Leandro Gomes de Barros)
O PROTETOR
Se você é cabra macho
E não cuida do traseiro
Por medo de viciar-se
Brincando no tabuleiro
Pois saiba que igualmente
Ao coração e a mente
Você tem próstata também
É uma vávula capital
No exercício sexual
Que adoece também
E é preciso examinar
Todo ano para ver
Se tem saúde esta próstata
Ou precisa interceder
Tratar e bucar a cura
Senão vai pra sepultura
Não seja um irresponsável
Veja o PSA
Depois o médico vai lá
No cá-pra-nóis honorável
O doutor vai e introduz
No reto do meu cumpádi
O dedo que não machuca
Não humilha e nem invade
Não desonra, nem viola
Apenas no toba atola
O dedo lubrificado
Toca a próstata, massageia,
Vê se tem câncer na aldeia
E lhe dá o resultado
Depois de verificado
Não sinta vergonha ou medo
Porque naquele exame
O intrumento é o dedo
Se há doença, o doutor
Vai curar a sua dor
E o cumpádi continua
Como um jumento sarado
Em nada desabonado
Gozando a vidinha sua
Agora quem é machão
Que não mexe nos guardado
Não permite um exame
Tem pantim pra todo lado
Vai sentir uns mal estar
Sem conseguir nem mijar
De ignorância do cão
Pra não mexer no cheiroso
Será o próximo canceroso
Num sofrimento horroroso
Morrerá como machão
Deixará sua família
A viuvinha mimosa
Serão órfãos filho e filha
Por seu machismo de prosa
E algum tempo mais além
A viúva terá um bem
Na praia de Tambaú
Mas ficará na memória
Sua atitude simplória
E contarão a sua história:
-Morreu protegendo o cu!
(Merlanio
MENINO VÉI
Quem já foi menino véi
Reinando no matutês
Conheceu o som da rua
Que é o Cavaco Chinês
Foi desse triângulo só
Que hoje encanta o Forró
Que isso Gonzagão fez
Sanfonou e Zabumbou
Ouviu, gostou e inovou
E o mundo copiou
Tal qual Cavaco Chinês!
(Merlanio)
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QUEM AMOU
Quem já passou nessa vida
E por amor não sofreu
Pode até ser dinheirudo
Mas o infeliz não viveu
Pois quem ama intensamente
Liga a alma acende a mente
Vive em todas dimensões
E às vive com qualidade
É dono dessa verdade:
Onde foi deixou saudade
Pois fez luz nos corações!
(Merlanio)
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QUANDO FINDA O CARNAVAL #2814
Quando finda o Carnaval
Faz bem criar mais juízo
Focar no que é preciso
Que o bom da vida é viver
Pertencer a sua aldeia
Acender sua candeia
Coletivizar a teia
Buscar mais Ser do que Ter
Lembrar que o outro é parceiro
Respeitar pra mais ganhar
Pra receber tem que dar
Ser amigo de verdade
Perdoar pra ter perdão
Saber que o tempo é agora
Urge viver sem demora
Que assim vive a humanidade!
(Merlanio)
O PALCO #2816
Quando eu subo em qualquer palco
Sinto a energia divina
A voz atinge os agudos
Vem a boa adrenalina
Um prazer me faz mais forte
Sem temor sequer da morte
E tomam-me os guias meus
Meus versos chegam floridos
Aguçam-se meus sentidos
E bem alto aos meus ouvidos
Algo diz: TU ÉS DE DEUS!
(Merlanio)
JUVENTUDE E VELHICE #2815
Na juventude a ilusão
Vive a bater nossa porta
O vinho nos embriaga
Nossa força não entorta
Sobe correndo a ladeira
Que em tudo há brincadeira
Nesse mundão sedutor
Cada célula tem seu viço
Tudo é força e rebuliço
A paixão soterra o amor
Entre chegada e partida
Certo dia chega o inverno
O frio, as folhas caídas
E a velhice em velho terno
Nos toma naquele dia
A ilusão perde a valia
Há sintomas de exaustão
A visão mais embotada
E nessa intensa jornada
A alma quer e o corpo não
Porém nos traz o bom senso
Mostra o valor onde está
Tem sabores e saberes
E o belo que em tudo há
Todo encanto da criança
A força, a fé, a esperança
E a vida nos tempos seus
Que o viver tem mais valor
Que manda amar o amor
Ser jovem é paixão e ardor
Mas ser velho é ser de Deus!
(Merlanio)
CRIANÇA
Toda criança do mundo
É patrimônio da vida
Deveria ser tombada,
Sagrada e bem protegida
Seja da nação que for
Plena de inocência e amor
Em todos os atos seus
Que os homens protejam mais
Pra que o mundo tenha Paz
Que a criança é a Paz de Deus!
(Merlanio)
MISTÉRIO DA VIDA #2820
Ontem foi a juventude
Que me tomou pela mão
Iludiu-me na ilusão
Do seu vinho sedutor
Embriaguei-me risonho
E sonhei o amargo sonho
Ébrio de utopia e ardor
Mas o tempo é implacável
E a dona velhice trouxe
O poder logo acabou-se
Chegou a fragilidade,
A enfermidade e a carência
As mãos perderam potência
Na nova realidade
Mas por magia ou encanto
A Phoenix sabedoria
Das cinzas logo se erguia
Pra desvendar o mistério
Deus fez a vida mais bela
Deu sentido ao vivenciado
Que o Universo é escalado
Dos muros do Cemitério
(Merlanio - 24.02.24)
O PORTAL
O Universo abre o Portal toda vez
Que há generosidade num regaço
Quando alguém se aproxima passo a passo
E oferece o socorro mais cortez
Quem socorre não diz o Bem que fez
Quem acolhe não faz publicidade
Quem recebe é quem sabe de verdade
Todo encanto de um gesto de valor
E Deus que tudo vê paga com amor
E abre a porta do Céu pra a caridade!
(Merlanio)
A GENTE SÓ TEM A GENTE
É preciso juntar força
Que união é poder
Quer ver o bicho correr?
Faça amigos na partida
Que a verdade é recorrente
Na precisão de um repente
A gente só tem a gente
Pela gente nessa vida!
Já diz o velho deitado:
Melhor amigo na praça
Do que dinheiro na traça
Na chegada ou na partida
Pra quem é inteligente
A coisa surpreendente
É a gente só ter a gente
Pela gente nessa vida!
Por isso eu digo e repito
Seja coletividade
Que amigo de verdade
É coisa rara e doída
Quem é sábio é previdente
Tem amigo consciente
Que a gente só tem a gente
Pela gente nessa vida!
(Merlanio)