domingo, 19 de janeiro de 2025

MERLANIO SR. CORDEL E SUA PRODUÇÃO DE CORDÉIS

 


O poeta popular Merlanio Maia Sr. Cordel, tem uma extensa obra de Literatura de Cordel. O poeta, além de seus 17 livros publicados de forma independente, ainda mantém-se numa produção diária de Literatura em versos nos mais variados temas.

Desde as biografias de pessoas sem fama, na sociedade, até os escritores, pensadores, gestores públicos e artistas. Mas o poeta gosta mesmo é de contar histórias. Desde as Fábulas Infantis aos contos filosóficos de grandes pensadores. Dos casos do cotidiano às histórias de Trancoso, este é o nicho de pensamento do Sr. Cordel.

Já são mais de 100 Cordéis em diversos temas e causos, os mais variados.

Além disso o artista faz Shows por todos os lugares onde é convidado para contar suas histórias. É, de fato, um amante da Cultura Popular na sua criação Literária.






quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

ACADEMIA DE CORDEL RENOVA DIRETORIA

 ACADEMIA DE CORDEL RENOVA DIRETORIA

Merlanio e equipe iniciam mandato de dois anos

Merlanio Maia substituiu Fábio Mozart

O poeta, músico, compositor e ativista social Merlanio Maia é o novo presidente da Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB). Eleito, por aclamação, no último dia 13, ele vai conduzir a entidade por um mandato de dois anos (biênio 2025/2026), em substituição ao escritor, poeta e radialista Fábio Mozart. Maia é natural de Itaporanga e acaba de receber o título de Cidadão Pessoense da Câmara Municipal de João Pessoa.

A Literatura de Cordel, que tem por berço a Paraíba e expoente maior o poeta pombalense Leandro Gomes de Barros, já é Patrimônio Cultural e Imaterial Brasileiro e está em vias de também ser Patrimônio Cultural e Imaterial da Paraíba. E é bem esse o foco da nova gestão: levar ao povo paraibano esta identidade do verso, principalmente junto ao alunado das nossas escolas públicas e privadas, este instrumento que pode ajudar na melhoria o desempenho na escrita e na leitura dos estudantes”, declara Maia.

Merlanio considera ainda que a Literatura de Cordel é um tesouro cultural que pode alavancar a Educação e mostrar caminhos culturais importantes para a população paraibana, para além dos processos formais na Educação. “É uma atividade artística diversa, que engloba a literatura, a música, o teatro e as artes visuais. O Cordel é uma fonte potencial da Economia Criativa, no engrandecimento do turismo e do lazer. A Academia vai continuar buscando formas de valorização dos cordelistas, profissionais e amadores, que têm mantido esta produção incrível, mesmo sem a devida valorização desta bela e forte arte”, acrescenta.

O processo de renovação da diretoria da ACVPB foi concluído, formalmente, nesta segunda-feira, 23, com a divulgação de uma resolução da Comissão Eleitoral, presidida pelo escritor e poeta Edson Maria Gomes, respeitado o prazo recursal previsto no Estatuto Social da entidade. A comissão foi composta ainda pelos associados Antônio Joaquim Alves e Sanderli José da Silva.

Assumem o corpo diretivo, juntamente com Merlanio Maia, o escritor e jornalista Dalmo Oliveira (vice-presidente), o poeta, ator e encenador Bento Júnior (secretário-geral) e o poeta e compositor Arnaldo Mendes Leite (tesoureiro). Já o Conselho Fiscal passa a ser composto pelos poetas Manoel Belisário, Robson Pereira Teixeira e Matheus Ferreira.

Merlânio lembra que a ACVPB é um coletivo igualitário e por isso precisa funcionar de maneira colaborativa. “Todos os GT’s vigentes serão reformulados e potencializados, e outros poderão ser criados. Editoração e Eventos serão aprimorados. Um GT para revisão e atualização do Estatuto Social da entidade também está em nosso foco, assim como GT’s para tratar de assuntos sociais, como gênero, igualdade racial e ambiente”, afirma o presidente eleito. Além dos GT’s, a nova diretoria vai implementar comissões, a exemplo da Comissão de Ética e Condutas.


terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Poeta cordelista Merlânio Maia recebe cidadania pessoense na CMJP

 Poeta cordelista Merlânio Maia recebe cidadania pessoense na CMJP

 13.12.2024
 Secom/CMJP
 Olenildo Nascimento

Homenagem foi proposta pelo vereador Marcos Henriques (PT)

Na manhã desta sexta-feira (13), a Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) realizou uma sessão solene para entrega do Título de Cidadão Pessoense ao músico Merlânio Maia Barbosa. O vereador Marcos Henriques (PT) propôs a honraria e a solenidade, que foi prestigiada por familiares, amigos e colaboradores do homenageado.

Além do vereador, compuseram a mesa de trabalhos a esposa do homenageado e coordenadora do projeto ‘Boneco de Lata’ do Hospital Napoleão Laureano, Raquel Maia; o irmão e professor Bebé de Natércio; o coordenador do Movimento Paz, Almir Laureano; o presidente da Federação Espírita Paraibana, José Neto Batista; o chefe da Divisão de Literatura da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Ian Pontes; e o artista e amigo Bento Júnior.

“Hoje é um dia de muita alegria para esta Casa. Toda cidade de João Pessoa tem que se alegrar com uma homenagem a uma pessoa da estatura de Merlânio. Ele é um grande nome da cultura paraibana e, além de tudo, é um amigo. No lançamento da minha primeira candidatura, ele fez uma poesia que deu sorte, e que se arrasta até hoje nessa luta por nossa cultura. Isso me marcou muito. Merlânio é um grande referencial da cultura para todos nós, aprendi a admirá-lo e a respeitá-lo. Sempre que preciso de conselhos sobre cultura nordestina recorro a ele”, revelou.

Marcos Henriques ainda destacou que o cordelista tem o sonho de ver a construção de um Museu do Cordel, onde se possa apreciar a cultura nordestina, e ressaltou que, além de artista reverenciado, o agraciado é um excelente homem de família, esposo e pai exemplar e amigo fiel. “Merlânio é um ativista da literatura de cordel e defensor da cultura nordestina. É uma grande honra conceder esse Título de Cidadão de João Pessoa a um filho que exala cultura e tem o nome de Merlânio Maia”, finalizou.

O presidente da Federação Espírita Paraibana, José Neto Batista, parabenizou a Câmara pela iniciativa de conceder o Título em homenagem a um coração tão amigo. “Essa alma sertaneja que Merlânio traz, o faz ser vanguardista. Em suas ideias enxergamos arte, cultura, o norte que guia e nunca falta”, destacou. Ele ainda revelou que o poeta esbanja satisfação na coordenação do projeto Ciranda da Arte e Cultura em Defesa da Paz, que tem levado música e poesia por toda a Paraíba. “É grande a vibração de Merlânio em cada viagem, mas onde mais esteve realizado foi na cidade de Picuí, onde acontece em praça pública, defendendo a máxima do poeta que diz que o artista vai aonde o povo está”, revelou.

O coordenador do Movimento Paz, Almir Laureano, enfatizou o perfil pacificador do homenageado. “Bem-aventurados são os pacificadores e pacificadoras, porque eles serão chamados filhos de Deus. Nesse sentido, assim como Marcos Henriques tornou ele pessoense, nós podemos assinar uma outorga dizendo que ele é filho de Deus por praticar a paz. Ele é um pacificador, e não é de hoje, é de muito tempo”, destacou.

Um dos irmãos do agraciado, Bebé de Natércio, destacou que ele é um “ajuntador” de gente e poesia, e através de uma música homenageou o fraterno artista. “Esse Título é uma espécie de brasão, uma força armorial, sobre a patente de filho de João Pessoa, que já existia em Merlânio”, asseverou.

Da vida do homenageado, Raquel Maia, sua esposa, destacou a criação do Projeto Bonecos de Lata, em 1998, no qual ambos realizam visitas ao setor pediátrico do Hospital de Combate ao Câncer Napoleão Laureano, levando alegria através da arte para as crianças. “É maravilhoso fazer o bem. Parabéns, poeta! O dia é todo seu. A Casa do Povo aqui te homenageia e te dá esse presente grandioso”, parabenizou.

Representando a Academia de Cordel do Vale do Paraíba, Bento Júnior demonstrou o respeito, o carinho e a admiração pelo homenageado, e anunciou: “Merlânio tem muita coisa boa para trazer para o nosso cordel. Fico deveras feliz em dizer que ele será o próximo presidente da Academia de Cordel do Vale do Paraíba. Ele vai conduzir o que a gente já está colocando em prática, que é o Museu do Cordel e fazer com que o cordel seja cada vez mais valorizado”.

Zenaide Carvalho, presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer, salientou sua gratidão ao homenageado: “Merlânio foi o primeiro homem voluntário, ainda na década de 90. É um título muito merecido a essa pessoa tão singela, cheia de paz e amor para dar. A Rede Feminina de Combate ao Câncer é muito grata por ter esse amigo como voluntário, esse boneco de lata que faz a diferença na vida dos pacientes com câncer”.

Poemas, repentes e canções

Parte das homenagens se deu através de poemas, repentes e canções para expressar carinho a Merlânio. O chefe da Divisão de Literatura da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Ian Pontes, homenageou o cordelista através de um poema, com imagens destacando a beleza da cidade de João Pessoa e sua relação com o artista. “Este cordelista é um verdadeiro ícone da poesia pessoense, traduzindo em suas palavras a essência da cultura popular. Sua obra reflete não apenas a riqueza cultural, mas também as memórias de figuras ilustres de histórias nordestinas e pitorescas. Essa homenagem firma a importância de Merlânio para a literatura e para a identidade cultural de João Pessoa. Que sua voz continue sendo um farol de esperança e inspiração para todos. Que sua obra permaneça viva nas páginas da história da nossa amada João Pessoa”, ensejou.

Já o repentista, cordelista e escritor Oliveira de Panelas improvisou um repente em homenagem a Merlânio Maia. “Essa coisa mais linda que ele tem feito na vida, na ida e em toda hora é em que me inspiro, e tudo que ele fez outrora. Merlânio, você nem sabe, que a Paraíba nem cabe, de tão grande que você é. Mas arrumando um jeitinho, com carícia e com carinho, você se une com ela fazendo da sua arte para nós a coisa mais bela”, declamou, referindo-se a Raquel Maia esposa do homenageado.

Arnaldo Mendes, amigo de Merlânio Maia, declamou poesia de autoria própria sobre as qualidades do homenageado. “Um ser humano decente, de qualidades dotado / Um cidadão respeitado, um nordestino valente / Um sertanejo pra frente, homem de luta e coragem / Poeta de grande imagem, que muito nos enternece / Nosso poeta merece, essa tão bela homenagem”, recitou.

O cantor e amigo Adeildo Vieira homenageou Merlânio com a canção ‘Amorério’, de autoria própria. Em seguida, foi apresentado um vídeo com imagens e depoimentos de familiares e amigos que não puderam comparecer à sessão.

O homenageado contou como foi sair de Itaporanga, em meados de 1978, para a Capital, incentivado pela mãe, para que pudesse estudar. Merlânio declamou sua história em forma de poema, intitulado ‘Galope na beira do mar’, desde quando saiu de sua cidade natal, conheceu sua esposa, teve seus filhos, até receber a cidadania pessoense. Ele agradeceu a Marcos Henriques pela propositura e saudou todos que compareceram à homenagem.

“E agora a cidade que eu amo me ama, e faz-me seu filho, pois me adotou / E aquele imigrante que aqui chegou sem jeito, sem forma, sem casa e sem cama, hoje vem completo / Que a vida me chama pra um novo ciclo, hoje a iniciar / De quem já sentia no seu estradar a cidadania / Que chega tão linda, com vocês que amo é mais linda ainda cantando galope na beira do mar”, declamou.

Confira a sessão solene completa, com todas expressões artísticas clicando aqui.

O homenageado

Merlânio Maia é natural de Itaporanga, onde nasceu em 1961. É poeta, cordelista, músico, cantador, declamador e escritor. Desde a década de 1980 realiza um trabalho que alia conhecimento, humor e espiritualidade, dedicando-se especialmente à poética e à educação pela paz. Além dos shows, acumula em seu currículo artístico produções teatrais e atuações, declamações com humor e a idealização do projeto ‘Boneco de Lata’, com o objetivo de levar arte para crianças e adultos internos do Hospital Napoleão Laureano, em João Pessoa.

Entre cordéis, livros de poemas populares e ensaios com outros autores, o artista contabiliza dezenas de publicações, dentre as quais se destacam ‘Cantando e Contando Histórias’, ‘Cordel de Luz’, ‘Poesia Que Canto e Conto’, ‘Contos, Causos e Poesia de Chico Amor Xavier’, ‘Menestrel – o Contador de Histórias’, ‘Poesias de um Cantador’ e ‘Caridade e Outros Poemas’. No que se refere à produção musical, gravou os CDs ‘Meu Sertão Cheio de Graça’, ‘Cantoria de Luz”, “Poemas de Amor e Riso’, ‘Poetas do Meu Apreço’, ‘Cantando e Contando Histórias’ e ‘Cordel de Luz’, esses últimos com poemas declamados dos livros de mesmo nome.

FONTE https://joaopessoa.pb.leg.br/poeta-cordelista-merlanio-maia-recebe-cidadania-pessoense-na-cmjp/

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

MERLANIO SR. CORDEL NA MOSTRA LITERÁRIA SABERES E FAZERES EM CABEDELO

 


O poeta Merlanio Sr. Cordel, esteve neste domingo 24, declamando na Mostra Literária do Saberes e Fazeres de Cabedelo, junto com os companheiros da ACVPB, Arnaldo Mendes Leite, Iam Pontes, Thiago Alves e outros poetas naquela festa Literária.

Segue registros fotográficos:












sexta-feira, 11 de outubro de 2024

CORDÉIS DO SR. CORDEL

 


DO PASSADO 


O Sol vinha se pondo e anoitecia

Quando apareceste em minha frente

O meu chão despencou tão de repente

Que eu não via mais nada, só te via 

Uma áurea lunar te revestia

E eu sem jeito, sem chão naquela hora

A saudade assomou-me sem demora

De outro tempo e outra vida ao teu lado 

Percebi que tu vinhas do passado

Pra fazer meu futuro hoje, agora!

(MERLANIO Sr Cordel)

terça-feira, 8 de outubro de 2024

O SR. CORDEL MERLANIO MAIA FAZ SHOW NO SESC-CG

 


O artista e produtor cultural Merlanio Maia, o Sr. Cordel, no dia 28 de Setembro último, fez Show no SESC-CG Centro. Com suas canções e seus cordéis bem declamados o poeta veio para mostrar que a literatura paraibana, pois a Paraíba é o berço do Cordel, é de uma beleza e grandeza extraordinária.

O evento foi o LITERARTES no SESC CG e foi a primeira Edição do evento literário. Além do poeta muitos escritores, cordelistas e atores, pensadores e desenhistas, pois o LITERARTES juntou Cordel, Literatura Nordestina e HQ - História em Quadrinhos.

Foi um Sucesso!

Parabéns SESC-CG!










segunda-feira, 5 de agosto de 2024

FEIRA DO CORDEL DA FESTA DAS NEVES 2024

 


FEIRA DO CORDEL DA FESTA DAS NEVES 2024


A FEIRA DO CORDEL, desde 2023, já é uma expressão cultural da cidade de João Pessoa. Idealizada pelo poeta Merlanio Maia, o Sr. Cordel, tem sido palco para muitos artistas e Cordelistas por onde passa. Esta Feira Literária já visitou as ruas e praças e shoppings de João Pessoa, levando as belezas da poesia popular nordestina e se fazendo um evento importante.

A Literatura de Cordel, Patrimônio Imaterial e Cultural Brasileiro, desde 2018, é uma literatura com DNA paraibano, pois os iniciadores do Cordel, no seu atual conteúdo, foram Leandro Gomes de Barros e Silvino de Pirauá, ambos sertanejos de Pombal e Patos na Paraíba. E esta bela literatura se espalhou pelo mundo inteiro.

A FUNJOPE - Fundação Cultural de João Pessoa, através do Secretário Marcus Alves, fez esta parceria com a ACVPB - Academia de Cordel do Vale do Paraíba, para que o Cordel fizesse parte da Festa das Neves, que comemora os 439 anos da capital paraibana, a Feira do Cordel, se fez presente trazendo os poetas: Robson Jampa, Arnaldo Mendes Leite, Francisco de Assis Freitas, Merlanio Sr. Cordel e o jornalista e cordelista Dalmo de Oliveira e ainda com a premiação do pequeno poeta Luiz Felipe e seu pai Roberto Ferreira, fazendo uma festa de declamação e música naquele espaço de Literatura.

Essa presença do Cordel mostra que esta literatura é uma força viva e pulsante, com poetas produzindo incessantemente e tem encantado todos que entram em contato. Os turistas se encantam, as crianças se divertem, professores vêm comprar para levar aos seus alunos e fazerem uma aula mais bela e cultural.


















 

segunda-feira, 22 de julho de 2024

UMA VIDA PELA ARTE PELA PAZ III

 (Continuação...)

PRIMEIRO POEMA

 

Continuando a minha Saga pelos caminhos da Arte.

 

A partir daquele dia, sempre ia a Biblioteca para pegar um livro para aquela semana.

 

Maria, a moça da Biblioteca já escolhia os livros infantis para minha leitura.

 

O Diretor do Ginásio Diocesano era o Padre José Sinfrônio de Assis. Muito amigo da minha mãe e tinha o respeito do meu pai. Tanto assim que o padre, foi padrinho de batismo do meu irmão mais novo, Makários.

 

E este padre, adotara seu sobrinho, da mesma minha idade, que era muito estudioso. E um certo dia, o padre levou seu sobrinho Eliézer para apresenta-lo a gente. Éramos seis irmãos, todos meninos.

 

O padre queria entrosar seu sobrinho conosco. E, de fato, ficamos grandes amigos, até a sua morte pela Pandemia de Covid-19.

 

Começamos a criar um vínculo forte de amizade e criamos um grupo de Teatro Turma da Mônica. Interpretando para nós mesmos nos espaços vazios do Ginário. Pois ali era a residência do padre e de Eliézer. Depois outras crianças de outras cidades, que desejavam estudar, foram ali morar, mas nossa amizade nunca diminuiu.

 

E líamos muito. Eliézer também adorava Gibis e a gente colecionava estes HQs que inspiravam nossa vida.

 

Foi Eliézer que descobriu que na Biblioteca tinha livros de poesia. E de cara fiquei apaixonado por Castro Alves e Olavo Bilac Decorávamos os poemas com muita rapidez, mas eu ainda não estudava no Ginásio. Somente no ano seguinte.

 

Um certo dia, na minha caverna mágica, inspirei-me em Olavo Bilac e fiz um poeminha de amor. Decassílabos com três estrofes e quatro verso. Falava de um amor que me tirava o fôlego. E eu tinha 9 anos.

 

Fiz e mostrei a minha mãe sob os olhos invejosos de dois irmãos que fizeram a maior zoação e eu escondo deles o resto do poema.

 

Mas o diabo está nas entrelinhas.

O meu pai era um homem genuinamente sertanejo. Brabo que só um carcará. Bruto que somente um rinoceronte chega perto e tinha uma adoração pelos poemas de Zé da Luz, cujos poemas matutos que revelavam tragédias, ele decorava, apesar de suas trinta estrofes. Era tanta a qualidade da sua declamação, que não raro os radialistas o convidavam para um mini-show de declamação nas rádios. Ao que meu pai, extremamente vaidoso adorava.

 

Mas em casa nos tratava como soldados de um quartel imaginário da sua cabeça dura. Ouso dizer que temíamos mais ao meu pai do que a própria morte! A morte não nos apavorara, ele sim.

 

Um dia, na hora do almoço, aquele meu irmão, sem ter nem pra quê, disse:

 

- Papai, Merlanio escreveu um poema dele mesmo.

 

- Foi? Merlanio, vá buscar que quero ler.

 

Foi a morte! Como mostrar o primeiro poema para  grande declamador e, além disso, pavor nosso de cada dia? Fui porque não podia dizer não, que ele não aceitava. Até para dizer uma negativa, como: Meu filho, está chovendo?

A gente respondia: Sim senhor. Não está chovendo não, sim senhor.

Tinha que dizer não entre dois sim senhor.

 

Entreguei o poeminha e ele leu. Fez ar de riso, mas somente o ar mesmo. E disse:

 

- Parabéns! Bonito poema. Mas um poema de amor, meu filho, você nem tem dez anos.

 

E rasgou meu primeiro poema!

 

Depois começou a almoçar e eu me tremendo entre ódio do meu irmão e pavor dele, com a alma revirando e o amor próprio destruído. Terminei meu prato e saí para minha caverninha.

 

Nunca mais eu escreverei uma linha, MALDITOS!

 

Minha mãe ainda tentou colar os pedaços do poema, mas o vento já tinha levado a maior parte dele e se perdeu na noite dos anos.


UMA VIDA PELA ARTE PELA PAZ II

 

NASCI PARA A ARTE

 

Feito este introito, quero dizer que desde as mais antigas lembranças da minha infância sertaneja, eu sentia que este mundo, somente fazia sentido no fazer artístico.

 

Lembro-me que ver e ouvir os poetas repentistas e os folheteiros a ler os cordéis seus e de outros autores, nas feiras, me impressionava tão profundamente, que muitas vezes fugia de casa em busca deste fruir perigoso, e muitas vezes tirava dinheiro do Caixa da Bodega para comprar Cordéis. No entanto, quando era descoberto recebia duro castigo. Sim, mas não desistia.

 

Outro divertimento compulsivo que tinha era ler Gibis, HQ – Histórias em Quadrinhos. O dono da Banca de Revista já sabia desta minha compulsão e mandava me chamar, quando chegava da sua viagem à cidade grande, de onde trazia Gibis de TEX Willer, FANTASMA – O Espírito que anda, Gavião Negro, Mandrake, Tio Patinhas, A turma da Monica, Zorro e tantos outros heróis que eu tanto adorava.

 

Eu tinha uma maletinha velha, que pertenceu ao meu irmão mais velho e quando ele foi descartá-la lhe pedi para colocar Cordéis, Gibis e meus brinquedinhos de criança sertaneja. Falo em Pião, Bolinhas de Gude(Bila), carrinho de carretel, etc.

 

Ao chegar na quarta série do ensino primário, fui visitar o Ginásio Diocesano Dom João da Mata, com meu irmão, pois este foi fazer a matrícula. Ele me deixou na Biblioteca e foi resolver suas coisas.

 

Foi a primeira vez que vi tanto livro na vida. A moça da livraria, que era amiga de todos nós, cidade pequena é assim, todos se conhecem, veio conversar comigo. E perguntou:

 

- Merlanio você gosta de livros?

 

- Não. Gosto de Gibi e de Cordel.

 

- Ah! Mas você precisa conhecer isto aqui.

 

E me mostrou a coleção de Monteiro Lobato. Toda ilustrada com desenhos lindos. Eu folheei admirado. Nunca tinha pego um livro tão novinho. Ninguém vinha pegar livros desses de crianças.

 

Ela me deixou folheando e saiu. Daqui a pouco chegou meu irmão e ela me perguntou:

 

- Você não quer levar para ler em casa, este livro de Monteiro Lobato?

 

Surpreso perguntei: E eu posso levar pra casa?

 

- Pode sim. Pois seu irmão é matriculado e pode emprestar seu nome para você. Agora tem que devolver na segunda-feira que vem.

 

E eu saí com o livro de Monteiro Lobato para ler.

 

Adorei! Porque vi que tinha muita coisa boa para conhecer a partir daquela Biblioteca.

 

E passei a semana inteira lendo e relendo aquele livro, com tantas personagens. Emília, Narizinho, Pedrinho, o Visconde de Sabugosa, Dona Benta...

Aquilo me encheu de alegria de tal forma que deixava de ir jogar bola para retornar à minha caverna mágica, ao lado da minha casa, por trás do canteiro de plantas medicinais de minha mãe.


(Continua...)

UMA VIDA PELA ARTE PELA PAZ

 

UMA VIDA PELA ARTE PELA PAZ

 

A Arte é coisa divina. Um dia Deus enviou seus anjos à Terra ainda dominada por dinossauros e estes Anjos artistas ensinaram os homens a pintarem as suas presas e os seus predadores nas paredes e tetos das cavernas onde moravam.

Também ensinaram a representarem teatralmente, em torno das fogueiras, a caçada, a fuga e a vitória.

 

E assim nasceu a Arte no mundo. Depois ainda os ensinaram a ter experiências místicas nos sons dos tambores e nas flautas de bambus. E nasceu os ritos de adoração que chegam até os nossos dias.

 

E assim nasceu a Arte!

 

A Arte vai se desenvolvendo com o tempo. Nascem novas formas do fazer artístico, novos instrumentos, novos espaços como Teatros e Salas de expressões.

 

A Arte invade as escolas e a educação prescinde dela como necessitamos do ar para viver. Sem Arte não há educação da alma.

 

Daqueles rústicos lampejos estéticos até os dias atuais a Arte se fez um instrumento tão necessário a vida civilizatória como a alimentação. O homem necessita da Arte para viver.

 

A Arte transcende, a Are cura, a Arte exprime os sentimentos, a Arte eleva o homem, a Arte sensibiliza o embrutecido, a Arte prepara a mente para o estudo, a Arte cria memórias emocionais positivas, a Arte aciona gatilhos de harmonização dos sentimentos, a Arte protege das perseguições, enfim, a Arte aproxima o ser do seu Criador.

(Continua na próxima página...)

segunda-feira, 8 de julho de 2024

LÁ VAI BILIU DE CAMPINA - A CHEGADA DE BILIU NO CÉU

 














LÁ VAI BILIU DE CAMPINA

A CHEGADA DE BILIU NO CÉU 


Lá vai Biliu de Campina

Com seu pandeiro na mão

Caminhando sobre as nuvens

Subindo na imensidão

Assoviando faceiro

E ao ver Jackson do Pandeiro

Dá uma risada gostosa

O abraço de ídolo e fã

Lhe esperança o amanhã

Naquela Mansão formosa


- Venha cá meu velho amigo

Diz Jackson naquele abraço

-Olha a linda multidão

Que veio vê-lo no espaço!

Biliu muito emocionado

Vendo a plateia do lado

Canta ali Sebastiana

E o seu mestre entra na frente

Marinês e sua gente

Ante essa plateia humana 


Biliu pensa um repertório

Traz um côco de porfia 

Pois lhe disse Dominguinhos

Que Deus gosta de alegria

E ali começa o Forró Quentão

Que Gonzagão chegou só 

Com seu chapéu e sanfona

E o Céu ficou mais bonito

Na presença do bendito

Que Biliu proporciona


Já tinha um sofá bem fofo

Que era para Biliu sentar

Enquanto a festa truava

No Céu raiava o luar

Dominguinhos com Sivuca

Deixando a turma maluca

No tirinete que encerra

E Biliu vendo esta cena

Disse: Então valeu a pena

Minha passagem na Terra!


São João, São Pedro e o Santo

Antonio que são festeiros

Desceram para curtir

Esse Forró nos terreiros

E Biliu ali na farra

Parecia uma cigarra

Viu que a saúde chegava

Levantou com seu pandeiro

Cantou também no terreiro

E a todo povo encantava


Gente que estava dormindo

Acordou com este forró

Tinha santa beradeira

Que ali caiu no forró

E Jesus acompanhando

Com Maria abençoando

O que cumpriu seu papel

Fez da vida uma folia

Cantou, dançou, fez poesia

Semeou tanta alegria

E assim Biliu foi pro Céu!

(Merlanio – Sr.Cordel)

sábado, 22 de junho de 2024

O MEU SÃO JOÃO




O MEU SÃO JOÃO 


O São João que eu gosto mesmo

É o que na roça se faz

Que se convida as famílias

Que o carinho é demais

Uns vão fazer a fogueira

E outros colocam bandeira

Tudo de bom vão trazendo

Já tem gente na cozinha

Que a comida gostosinha

De milho já está fervendo


Os jovens vão moer milho

Outros usam ralador

Outros enfeitam o tablado

Já tem São João num andor

O trio de forró já vem

Que hoje vai ter xenhenheim

Dança, quadrilha e quentão 

Ligando a comunidade

Que é grande a felicidade

Vai ser noite de São João 


Vem chegando os violeiros

Que à tarde tem Cantoria

Todo terreiro enfeitado

Colorido de alegria

Tem duas mesas compridas

Para caber as comidas

Queijo, canjica e coalhada

Pamonha e Carne e Jabá 

E arroz doce já tem lá 

E até bode com buchada


As mesas ficam tão cheias

E ainda há mais no fogão

Que é fogão de lenha acesa

E haja café e quentão 

Tem menino assando milho

E a matutada no brilho

Com roupa de cafuçu 

Desde o começo da tarde

A fogueira acesa arde

E vai se abrindo o baú 


Seu Inácio dá um tiro

Com seu grande cravinote

A velha que cochilava

Acorda de um pinote

Que começou o enredo

E até amanhã bem cedo

Ninguém ali fica só 

A Cantoria engraçada

Faz festa da matutada

Jajá começa o Forró 


Um declamador levanta

Diz a poesia engraçada 

E um poeta diz a loa

Pra matutinha enfeitada

Todos riem na alegria

Que a festa linda irradia

Unindo pais, filhos, filhas

Sobre a Cultura mais fina

Da tradição nordestina 

Que une muitas famílias 


Os meninos e as meninas

Soltam traque no terreiro

É chuvinha e Buscapé 

Sob a luz do candeeiro

E a comida é gostosa

Tão diversa e saborosa

Que a todos vai agradar

E a conversa fiada

Vai arrancando a risada

Até o dia clarear


E quando a sanfona chama

Todos ao terreiro vão 

No Xote, Forró, Xaxado,

E as marchinhas e o Baião 

Essa é a música mais linda

E a dança é mais linda ainda

Na cultura de raiz

E o Forró vai noite afora 

Que até a Lua penhora

Pra o povo ficar feliz


Zé Chico chama Rosinha

E pede ela em casamento

E assim começa a quadrilha

Com padre e com sogro atento

Tem até cana da boa

Bebe o patrão e a patroa

E à matutada se iguala

Já tem um casal dançando

Num inxirimento chegando 

Lá no cantinho da sala


E o Forró varando a noite

Já entra na madrugada

Diz uma velha de fogo:

-Vamo, véi, dá uma dançada?

O velho levanta e cai

Que a bebida já vai

Subindo e o deixando tonto

O velho vai levantando

E todos vão gargalhando

Que aquele passou do ponto


O Sol já chega esquentando

E a festa retarda o fim

-Que noite maravilhosa!

Todos vão dizendo assim

Alguns já voltam pra casa

A sanfona cria asa

Mas cumpriu divino plano

Abraços e despedidas 

Que ali festejou-se a vida

No São João de todo ano


Ali começa um namoro

Dali sai um casamento

Ali o amor harmoniza

É a Cultura em movimento

Tradição que o filho e a filha

Perpetuarão na família

Aumentando a emoção 

Eternizando a memória 

A alegria, a festa, a glória,

A união que faz história 

Nada há melhor que o São João!

(Merlanio - Sr.Cordel)



quarta-feira, 19 de junho de 2024

SUPERSTIÇÃO - DO POETA POMPÍLIO DINIZ

 


SUPERSTIÇÃO

Pompílio Diniz

 

Hoje é treze, sexta-fêra

Me alevantei nas carrêra

Sem fazê o Pelo-siná

Uma coruja agorô

E um Bode preto berrô

Na porteira do currá

É hoje o dia do azá !!!

 

Passei pru baxo da escada

E levei lógo uma cusparada

De um arubú que tava lá

Acauã cantô no máto

Pisei no rabo de um gato

E uví um cachorro uivá.

 

Pra omentá meu desespêro

A galinha no terrêro

Cantô treis veis sem pará

E na cumeeira da casa

Um arubú abriu as asa

E dispois num quis voá...

 

Eu começei a ter mêdo

Quando ví de manhã cêdo

O seu vigário passá

Vê pade numa hora dessa

A sorte vira azavéssa

E na mais certo dá

 

Nessa hora a mulhé me inguiça

E por maldade ou preguiça

Não quis me desenguiçá...

Tava um chinelo emboicado

O espeio mãeceu quebrado

E caco de espeio faiz má....

 

Um gato preto me alisa

E eu fui drumi sem camisa

E tudo isso faiz má;

E a muié dos zóio-torto

Sacudiu um sapo morto

Pra dentro do meu quintá...

 

Caiu sá dentro do fogo

E um galo preto, com gôgo

Depois quis me beliscá

E a coisa tá piorando,

A sogra amanheçeu cantando

E agouro pior não há !!!

 

Por isso mais uma vez

Eu previno a vosmiçês

Num é bom facilitá...

Cuidado com brancadeira

Que hoje é treze, sexta-feira

É hoje o dia do azaaaaaá!