terça-feira, 31 de março de 2015

CORRENTE DE SONETOS

Meu cumpade Raminho Ramis postou no Facebook o seguinte:

Seguindo com o desafio do meu querido Fernando Japiassú de postar uma poesia por dia durante quatro dias e convidar quatro amigos por dia, ofereço hoje, no meu segundo dia, o soneto Fidalgo de Casta Amorenada, que glosou o mulato Luís Gama sobre o mote: "E não pôde negar ser meu parente". Para hoje, convido os amigos poetas e amantes da boa poesia Jorge Filó, Pedro Tôrres Filho, Fábio Rocha e Merlanio Maia para formarmos essa corrente e inundarmos o Facebook e a vida com um pouco de poesia:

"Sou nobre e de linhagem sublimada.
Descendo em linha reta dos Pegados,
Cuja lança feroz, desbaratados,
Fez tremer os guerreiros da Cruzada!

Minha mãe, que é de proa alcantilada,
Vem da raça dos Reis mais afamados"
Blasonava entre um bando de pasmados
Certo parvo de casta "amorenada".

Eis que brada um peralta retumbante:
— "Teu avô, que de cor era latente,
Teve um neto mulato e mui pedante!"

Irrita-se o fidalgo qual demente,
Trescala a vil catinga nauseante,
E não pôde negar ser meu parente.



E EU RESPONDI!


JÁ EU SOU DOS NINGUÉNS, DOS ESQUECIDOS
DOS QUE POR COVARDIA OU DESAPEGO
JAMAIS DEIXAM O SEU DOCE SOSSEGO
PRA ENFRENTAR OS CRUZADOS DESTEMIDOS

SOU DOS QUE GOSTAM MESMO É DOS GEMIDOS
QUE SAI DOS ARMADORES NO ACONCHEGO
NO FURDUNÇO DA NEGA COM SEU NEGO
NUMA REDE ONDE OS DOIS VÃO ESTENDIDOS

ESTES HOMENS QUE ESBANJAM VALENTIA
SE SOUBESSEM DA GRANDE SERVENTIA
DE UMA SOMBRA E UMA REDE ANTE O SOL QUENTE

ESQUECIAM-SE AS PATENTES E AS MEDALHAS
E VIRIAM LUTAR OUTRAS BATALHAS
DESEJANDO ATÉ SEREM MEUS PARENTES!
(Merlânio Maia)

Nenhum comentário: