terça-feira, 24 de março de 2015

CONFLITO PATERNO

por Merlânio Maia

Há alguns anos, fui fazer uma palestra numa cidade paraibana e lá havia um homem, muito alto, um tanto nervoso, que ao final da minha palestra me inquiriu, nestes termos:

- O Espiritismo condena o homossexual?

Expliquei que o Espiritismo fundamenta-se no amor incondicional e este amor nada condena, apenas ama, como Deus ama. Ao que ele continuou:

- Ontem expulsei minha filha de casa, pois ela me envergonha e envergonha a família, namorando outra moça.

Então lhe perguntei: O senhor a ama?

- Sim! Disse. Mas agora ela só me causa vergonha!

Então lhe falei: Nossos filhos são como os passarinhos, que a vida confia aos nossos cuidados, para que aprendam a comer e depois de emplumados, possam voar e dar continuidade ao processo de aprendizado do Amor, pois o Amor é a única razão da vida na Terra. Porém quando caem dos ninhos, raramente sobrevivem! Perdem o encanto da vida, buscam a autodestruição na droga e na violência e nunca chegam ao Amor.

Vi aquele homem homenzarrão chorar copiosamente. E em prantos me perguntou:

- Sei que o que fiz foi errado, pois estou sem dormir há dias. Será que Deus me perdoa?

Lhe falei que Deus nem condena, nem perdoa, pois Deus é Amor, como bem definiu o quarto evangelista. E como nossos filhos, nós também estamos em busca deste Amor.

Ainda lhe falei que ele vencendo este conflito; esquecendo o que diz o povo e aprendendo a amar aquela filha independentemente da sua sexualidade, seria muito mais feliz, pois havia vencido a barreira do orgulho em direção ao Amor.

Voltei àquela cidade muitas vezes, mas não mais encontrei aquele homenzarrão. Até hoje alimento a esperança de que ele tenha encontrado a sua filha e declarado a ela o sentimento que vi no seu tão sentido choro.

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